Início da liquidação judicial do Banif requerida pelo Banco de Portugal

Dissolução da instituição financeira ocorre, como previsto, após BCE ter revogado autorização para exercício de actividade bancária

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Lesados do Banif, que perderam 236 milhões de euros, são na maioria obrigacionistas com residência nos Açores, Madeira e emigrados na Venezuela, África do Sul e EUA LUSA/Gregório Cunha

O Banco de Portugal (BdP) anunciou hoje ter requerido o início da liquidação judicial do Banco Internacional do Funchal (Banif), na sequência da revogação pelo Banco Central Europeu da autorização para o exercício da actividade de instituição de crédito.

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O Banco de Portugal (BdP) anunciou hoje ter requerido o início da liquidação judicial do Banco Internacional do Funchal (Banif), na sequência da revogação pelo Banco Central Europeu da autorização para o exercício da actividade de instituição de crédito.

Em comunicado, o BdP informa que, em 22 de Maio, o Banco Central Europeu “revogou a autorização do Banif para o exercício da actividade de instituição de crédito”, o que “implica a dissolução e a entrada em liquidação do banco”.

“Desta forma, o Banco de Portugal requereu, nos termos da lei, junto do tribunal competente, o início da liquidação judicial do Banif”, acrescenta, agradecendo ao conselho de administração do banco, nomeado após a resolução de 20 de Dezembro de 2015, “a dedicação e competência demonstradas no exercício das suas funções, em condições particularmente complexas”.

Em Dezembro de 2014, o Banif foi alvo de uma medida de resolução, por decisão do Governo e do Banco de Portugal.

Entre os lesados estão cerca de 3.500 obrigacionistas, em grande parte oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, mas também das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que perderam 263 milhões de euros.

Além destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar (holding através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil accionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

Parte da actividade do Banif foi adquirida pelo Santander Totta por 150 milhões de euros, tendo sido ainda criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a actividade bancária que o comprador não adquiriu.

Desde a resolução do Banif, investidores do banco têm reivindicado uma solução que os compense pelas perdas, para já sem sucesso.