Artur Torres Pereira: o antigo secretário-geral de Marcelo que faz agora a gestão de danos no Sporting

Foi deputado do PSD, autarca em Sousel e vice-presidente do clube entre 2011 e 2017. Abandonou a direcção do Sporting no ano passado e reconhece que Bruno de Carvalho deixou de ser a mesma pessoa que era no meritório início do mandato.

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Torres Pereira esteve ao lado de Bruno de Carvalho, mas viria a abandonar a direcção no ano passado Nuno Ferreira Santos

Artur Torres Pereira já tinha passado pela política e pelo Sporting – onde começou por apoiar Bruno de Carvalho e foi seu “vice” –, mas só foi catapultado para a esfera mediática quando foi nomeado, a 16 de Junho, líder da comissão de gestão do Sporting. Antes de chegar ao futebol, foi secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa na altura em que o actual Presidente da República tinha assumido a liderança do PSD e foi deputado em três legislaturas.

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Artur Torres Pereira já tinha passado pela política e pelo Sporting – onde começou por apoiar Bruno de Carvalho e foi seu “vice” –, mas só foi catapultado para a esfera mediática quando foi nomeado, a 16 de Junho, líder da comissão de gestão do Sporting. Antes de chegar ao futebol, foi secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa na altura em que o actual Presidente da República tinha assumido a liderança do PSD e foi deputado em três legislaturas.

Tal como Vicente Moura, Torres Pereira começou por apoiar Bruno de Carvalho. Em 2011, reconhecia-lhe grande mérito mas acabaria por admitir que não se revia no então presidente do clube na altura em que ele começou a propor alterar os estatutos para concentrar todo o poder no líder do clube. “A paixão por um clube desportivo não pode justificar que se passe esta ‘linha vermelha’ que separa os princípios das conveniências”, dizia Torres Pereira ao PÚBLICO, em Abril.

De nome completo Artur Ryder Torres Pereira, o médico de profissão foi vice-presidente da direcção do clube entre 2011 e 2017, ano em que saiu sorrateiramente da direcção, só se tendo pronunciado sobre o líder “leonino” meses depois, numa entrevista dada ao PÚBLICO e à Renascença.

Com uma postura polida, confessou nessa entrevista que havia comportamentos, linguagem e intolerâncias que “envergonhavam” os sportinguistas, com efeitos nefastos na equipa. Argumentava ainda que a angústia (tanto dos jogadores como dos adeptos) se devia “inequivocamente e exclusivamente” às atitudes de Bruno de Carvalho, não excluindo a possibilidade de o líder dos “leões” estar doente.

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NUNO FERREIRA SANTOS

“Bruno de Carvalho não era assim em 2011”, garante, acreditando que foi a crise com Marco Silva – que foi treinador do Sporting em 2014/2015, altura em que foi despedido depois de ganhar a Taça de Portugal – teve um “efeito muito grande na sua forma de agir e intervir”.

Torres Pereira tem 67 anos e foi o eleito do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, para estar à frente da gestão “leonina” até que haja novas eleições no clube, a 8 de Setembro. Neste domingo, Torres Pereira garantiu que nenhum dos membros da comissão de gestão “auferirá um cêntimo que seja” e que não farão parte de nenhuma lista que se candidate às novas eleições.

Depois da sua saída da direcção, Artur Torres Pereira apelou aos bancos para que deixassem de trabalhar com o Sporting – algo que o vice-presidente da direcção do clube, Carlos Vieira, considerou um “acto criminoso”.

Com uma presença na esfera pública mais discreta, foi deputado em três legislaturas pelo PSD na IV legislatura (em 1987) e nas VI e VII legislaturas, entre os anos de 1995 e 2002, mas acabou por desaparecer do universo político. Torres Pereira é presidente da associação de caça Clube Português de Monteiros e foi presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses; também esteve à frente da Câmara Municipal de Sousel, no distrito de Portalegre.