Revista de imprensa: “Portugal esteve perto de ver os oitavos-de-final pela televisão”
O que diz a imprensa mundial do empate entre Portugal e o Irão (1-1), que valeu o apuramento da selecção nacional para os oitavos-de-final do Mundial 2018 e a eliminação da equipa iraniana.
El País (Espanha)
“Ter a bola não é o forte da equipa de Fernando Santos. O seu posicionamento no relvado emana firmeza, mas nem uma única virtude. Pelo menos, não no que tem a ver com a arte da troca de bola, da conversação com a bola. Muito menos se a conversa depende de Adrien Silva e William Carvalho, dois futebolistas parcimoniosos no jogo, de passe horizontal, de risco zero. Com Moutinho no banco, só João Mário oferecia uma mínima percentagem criativa no campo. Ainda assim, nada saiu como previsto, mas por estranho que pareça essa é uma das armas de Portugal, repetir a mesma lição uma e outra vez até que surta efeito.”
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El País (Espanha)
“Ter a bola não é o forte da equipa de Fernando Santos. O seu posicionamento no relvado emana firmeza, mas nem uma única virtude. Pelo menos, não no que tem a ver com a arte da troca de bola, da conversação com a bola. Muito menos se a conversa depende de Adrien Silva e William Carvalho, dois futebolistas parcimoniosos no jogo, de passe horizontal, de risco zero. Com Moutinho no banco, só João Mário oferecia uma mínima percentagem criativa no campo. Ainda assim, nada saiu como previsto, mas por estranho que pareça essa é uma das armas de Portugal, repetir a mesma lição uma e outra vez até que surta efeito.”
La Repubblica (Itália)
“Na noite mais difícil do seu fora de série, Portugal pode sorrir apenas pelo apuramento. Aquilo que podia parecer uma formalidade na véspera tornou-se num resultado agónico, decidido apenas por uma questão de centímetros, os que separaram Taremi de um clamoroso golo para o 2-1. O jogo com o Irão terminou 1-1 e os portugueses seguraram in extremis o segundo lugar no Grupo B, após 100 minutos que trouxeram Cristiano Ronaldo de volta à terra, com um penálti falhado que daria o 2-0 e o risco de expulsão num jogo palpitante. Despede-se do Mundial a equipa iraniana, equipa organizadíssima, sempre fiel aos seus princípios tácticos, que soube dar luta num grupo que parecia já decidido no momento do sorteio.”
L’Équipe (França)
“Portugal teria perdido tudo se Mehdi Taremi tivesse concretizado a bola de jogo de que dispôs no período de compensação. Mas limitou-se a perder o primeiro lugar do Grupo B ao empatar (1-1) com o Irão, e isso já é muito: em vez de um anfitrião que ficou a conhecer os seus limites, vai defrontar nos oitavos-de-final o igualmente duro Uruguai. A equipa de Carlos Queiroz, por seu lado, despede-se do Mundial após ter marcado de penálti, nos derradeiros minutos, um jogo de loucos que Cristiano Ronaldo podia ter evitado se tivesse marcado o penálti de que dispôs na segunda parte.”
Olé (Argentina)
“Que sofrimento, Cristiano! Chegou envolto em carícias, ouvindo os maiores elogios e até com o mote de candidato a possível melhor jogador do Mundial. Mas esteve tão perto de ver os oitavos-de-final pela televisão... O marcador diz que Portugal empatou 1-1 com o Irão e qualificou-se em segundo lugar no Grupo B. Nos oitavos-de-final, sábado, os portugueses enfrentam o Uruguai num duelo de prognóstico complicado, ainda que os sul-americanos pareçam estar em vantagem. Mas se entrava aquele remate de Taremi aos 94’, que beijou a rede pelo lado de fora, a história de CR7 e dos seus seria outra. Teriam passado os iranianos.”
BBC (Inglaterra)
“Portugal avança para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo após empatar com o Irão num jogo pleno de controvérsia relacionada com o videoárbitro. Cristiano Ronaldo falhou um penálti e viu um cartão amarelo após revisão prolongada do VAR por possível vermelho. O Irão marcou tarde, de penálti, após mais uma revisão do vídeo, e quase fez o golo da vitória no período de compensação, o que teria não só dado o apuramento, à custa de Portugal, mas também o primeiro lugar no grupo, já que Espanha empatou 2-2 com Marrocos.”
Folha de S. Paulo (Brasil)
“Diante do Irão, em Saransk, Ricardo Quaresma marcou um lindo golo de trivela, marca registada da sua carreira, aos 44 minutos do primeiro tempo, para registar com estilo seu primeiro golo na história da competição. Cristiano Ronaldo teve a oportunidade de marcar o seu quinto golo no Mundial, num penálti marcado com o auxílio do videoárbitro. A cobrança, porém, parou nas mãos do guarda-redes Beiranvand. Este foi o sexto penálti desperdiçado por Ronaldo em 14 cobranças feitas com a camisola da selecção.”
The Guardian (Inglaterra)
“O golo extraordinário de Ricardo Quaresma antes do intervalo foi cancelado pelo penálti no período de compensação de Karim Ansarifard, levando a uns frenéticos minutos até ao apito final, com o Irão a pressionar por um segundo golo que lhe daria o apuramento. Por um instante, metade do estádio acreditou que o Irão tinha conseguido o mais improvável dos golos da vitória, mas o remate de Mehdi Taremi acertou na malha lateral.”
Marca (Espanha)
“Para esquecer. Apagar e começar de novo, terá pensado Cristiano Ronaldo assim que acabou o jogo que a sua selecção empatou com o Irão, que seguramente quererá apagar da sua memória e pensar unicamente nos oitavos-de-final, porque o terceiro jogo da fase de grupos foi muito infeliz tanto a nível individual como colectivo. A sua actuação esteve ao nível da da equipa. Espessa. Lenta. Previsível. Cristiano era vítima da falta de ritmo, magia e ligação de Portugal com os homens do ataque, e isso obrigava o atacante do Real Madrid a baixar para receber a bola em posições afastadas da baliza.”
La Gazzetta dello Sport (Itália)
“Ronaldo foi salvo por um grande golo de Quaresma e pela fraca eficácia dos atacantes iranianos, num final de loucos em Saransk. Portugal segue para os oitavos-de-final, após o 1-1 final, mas com quanto sofrimento. Os asiáticos poderiam até ter ganho e qualificar-se precisamente à custa de CR7, que falhou um penálti e também arriscou o vermelho por uma cotovelada num adversário no segundo tempo. Mas salvou-se e no dia 30 em Sochi defrontará o Uruguai. Para os asiáticos, uma eliminação amarga. Quatro pontos e muitos aplausos, mas o Mundial já acabou...”
"Cristiano e mais dez" - o que dizem os uruguaios
Ovación
“Muitos uruguaios, antes de conhecer o desenlace do grupo B, escolhiam Portugal antes da Espanha”, começa por escrever o jornal. “O principal argumento era o de que, a grandes rasgos, Portugal é uma selecção de Cristiano Ronald e companhia, enquanto Espanha é uma equipa baseada no jogo colectivo, na posse de bola e menos vertical”.
“Mas não se pode menosprezar o resto do plantel”, continua, destacando que a “maioria dos seus integrantes foram campeões da Europa”.
O Ovación realça Rui Patrício, “muito bom guarda-redes”, e a defesa que foi a mesma que jogou na final do Euro de 2016.
“O Uruguai não está em condições de se achar superior a ninguém, mas tem vários argumentos para sonhar com a passagem aos quartos-de-final”.
El Observador
“Cristiano corre por toda a frente de ataque. Move-se pela direita, pela esquerda, pelo meio. Nunca lhe fazem marcação ao homem. A sua exuberância física dá-lhe mais, para além das suas virtudes técnica”, analisa o jornal.
“Portugal é Cristiano mais dez, sem ser pejorativo”, continua. “Obviamente será o ponto de referência da defesa comandada pelo capitão Diego Godín”.
Aqui recorda-se ainda o “pequeno historial” de confrontos entre as duas selecções, nomeadamente na preparação para o Mundial de 1966, onde Portugal venceu por 3-0 numa “enorme exibição de Eusébio”.
Depois lembra-se a outra partida, disputada numa minicompetição no Brasil em 1972 entre equipas convidadas, e que terminou 1-1.
É, por isso, o primeiro confronto entre ambas num Campeonato do Mundo.