Primeiro-ministro da Etiópia sobrevive a ataque que fez mais de 154 feridos

Atentado acontecen num comício na capital e numa altura em que o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, tem avançado para a reconciliação com a Eritreia.

Fotogaleria

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, escapou a um ataque com uma granada neste sábado nm comício na capital, Addis Abeba, que matou uma pessoa e no qual 154 pessoas ficaram feridas, dez delas em estado crítico. Atentado ocorre numa altura em que o país se tem aproximado da Eritreia de forma a terminar com o conflito militar entre ambos que dura há 20 anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, escapou a um ataque com uma granada neste sábado nm comício na capital, Addis Abeba, que matou uma pessoa e no qual 154 pessoas ficaram feridas, dez delas em estado crítico. Atentado ocorre numa altura em que o país se tem aproximado da Eritreia de forma a terminar com o conflito militar entre ambos que dura há 20 anos.

As autoridades atribuíram a responsabilidade do ataque a um homem ainda não-identificado. Tudo aconteceu momentos depois de o primeiro-ministro, um antigo militar que subiu ao poder em Abril, terminar o seu discurso perante dezenas de milhares de pessoas na praça Meskel, no centro da capital,.

Uma testemunha relatou à Reuters que Ahmed foi evacuado pelos seus seguranças. Outra disse que o atacante foi imobilizado no chão pelas autoridades antes de a granada explodir.

Depois do ataque, Ahmed dirigiu-se à nação num discurso televisionado onde afirmou que o mesmo foi protagonizado “por forças que não querem ver a Etiópia unida”.

No comício, Ahmed prometeu trazer maior transparência ao Governo e a reconciliação a um país assolado por anos de intensos protestos que fizeram centenas de mortos, entre 2015 e 2017.

A Eritreia, há muito em conflito com a Etiópia devido a uma questão fronteiriça que Ahmed está a tentar resolver, condenou o ataque. Tal como a União Europeia e os Estados Unidos.

A embaixada norte-americana em Addis Ababa referiu que a “violência não tem lugar enquanto a Etiópia persegue reformas políticas e económicas significativas”.

Ahmed subiu ao poder depois de o seu predecessor, Hailemariam Desalegn, ter apresentado a demissão na sequência de protestos que se iniciaram em 2015. Foi imposto o estado de emergência para os reprimir, tendo sido levantado este mês.

Apesar de ser uma das economias que cresce mais rapidamente em África, a oposição ao Governo diz que os benefícios não foram distribuídos de forma justa entre os grupos étnicos e diferentes regiões do país que tem uma população de mais de 100 milhões de pessoas e que tem sido governado pela mesma coligação há quase 30 anos.

O actual primeiro-ministro tem percorrido o país prometendo resolver estas questões.

Para além das reformas económicas prometidas, Ahmed surpreendeu ao afirmar este mês que estava disposto a aplicar totalmente o acordo de paz assinado com a Eritreia em 2000. Durante anos a Etiópia recusou-se a implementar o acordo, argumentando que eram necessárias mais negociações.

A disputa levou a uma escalada militar e a confrontos esporádicos na fronteira entre os dois países.

A Eritreia separou-se da Etiópia em 1991 depois de uma longa e violenta guerra pela independência.

De acordo com o acordo de 2000, a Etiópia está obrigada a ceder a cidade fronteiriça de Badme à Eritreia.

O embaixador da Eritreia no Japão, Estifanos Afeworki, escreveu no Twitter que este país “condena veementemente a tentativa de incentivar a violência” em Addis Ababa, considerando o comício uma “demonstração de paz”.

A coligação no poder na Etiópia, a EPRDF, é composta por quatro partidos que representam os quatro maiores grupos étnicos no país. Ahmed faz parte dos Oromo, que representa praticamente um terço da população.

Os Oromos, juntamente com os Amhara, lideraram os protestos contra o Governo em 2015 devido a um plano de desenvolvimento em torno da capital que os críticos afirmavam que estava a usurpar terras.

Os protestos cresceram e passaram a exigir reformas polítics e económicas.