Sindicato faz anúncio em inglês para alertar para falta de enfermeiros no Algarve
Ordem dos Enfermeiros apela a boicote às "falsas horas extraordinárias" e Sindicato dos Enfermeiros Portugueses do Algarve aposta em campanha publicitária para avisar estrangeiros que há muitas carências. Em todo o país, faltarão 1976 enfermeiros.
A Ordem dos Enfermeiros (OE) apelou esta quinta-feira a um boicote às “falsas horas extraordinárias” a partir de 1 de Julho para compensar as lacunas provocadas pela passagem das 40 às 35 horas semanais, enquanto, numa estratégia fora do comum, um sindicato investiu num anúncio publicitário com o objectivo de avisar os turistas para a “falta de 500" profissionais no Algarve.
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A Ordem dos Enfermeiros (OE) apelou esta quinta-feira a um boicote às “falsas horas extraordinárias” a partir de 1 de Julho para compensar as lacunas provocadas pela passagem das 40 às 35 horas semanais, enquanto, numa estratégia fora do comum, um sindicato investiu num anúncio publicitário com o objectivo de avisar os turistas para a “falta de 500" profissionais no Algarve.
A OE recomendou, em comunicado, a "recusa imediata" da realização de "falsos turnos extraordinários programados" e sugeriu que se encerrem camas, em vez de reduzirem o número de enfermeiros por turno a partir do início do mês, altura em que os funcionários com contrato individual de trabalho passam de um horário semanal de 40 para 35 horas semanais.
"Summer is coming" (o Verão está a chegar), lembra o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) no anúncio que pôs a circular nas traseiras de pequenos autocarros na região e que inclui a caricatura de um pesaroso doente a transportar um saco de soro.
Não é a primeira vez que a OE sugere um boicote às horas extraordinárias. Ainda no final do ano passado o fez quando o Ministério das Finanças não deu autorização para contratar mais enfermeiros numa altura em que se aproximava o pico da época da gripe.
Mas é a primeira vez que o SEP aposta numa campanha publicitária especialmente dirigida aos turistas nos transportes de Faro e Portimão e em que alerta para a grave carência de profissionais no Algarve.
"Este é um destino turístico por excelência e uma das questões que os turistas querem saber" prende-se com "as condições de saúde que têm nos destinos para onde viajam", justificou à Lusa Nuno Manjua, coordenador da direcção regional do Algarve do SEP, recordando que no Verão a população triplica na região.
"Nós achamos que é importante fazer este aviso", enfatizou o dirigente sindical enquanto exibia à comunicação social, em Faro, um dos minibus utilizados na campanha. Pelos seus cálculos, para dar resposta à passagem das 40 para as 35 horas por semana, só nas unidades de Faro e Portimão do Centro Hospitalar Universitário do Algarve serão necessários cerca de 350 enfermeiros e, nos centros de saúde da região, perto de 150. Mas “há horários [já feitos para Julho] que estão a sair ainda com as 40 horas”, lamenta Nuno Majua, que antecipa já um cenário de "ruptura".
O SEP publica um mapa, no seu site na Internet, com o número de enfermeiros que seria necessário admitir, e serão "1976", tendo em conta "o número de enfermeiros que se encontrava no activo em Outubro de 2017 e em Abril de 2018 (entradas e saídas de profissionais), segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (Balanço Social)".
Na quarta-feira, na Comissão Parlamentar da Saúde, o ministro Adalberto Campos Fernandes anunciou que iriam ser contratados pelo menos dois mil trabalhadores (dos vários grupos profissionais) para compensar a passagem às 35 horas, sem especificar quais, quando e como.
O PÚBLICO pediu um esclarecimento ao Ministério da Saúde, sem sucesso.