Trump assinou decreto a determinar que crianças e pais fiquem detidos juntos por tempo indeterminado
O Presidente norte-americano assinou decreto para acabar com a separação de famílias na fronteira do país mas garante manutenção da política de "tolerância zero".
O Presidente Donald Trump assinou um decreto presidencial que acaba com a separação das famílias de imigrantes ilegais quando chegam aos Estados Unidos, mantendo, ao mesmo tempo, a política de "tolerância zero". O documento prevê que pais e filhos fiquem todos detidos no mesmo espaço e por tempo indeterminado.
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O Presidente Donald Trump assinou um decreto presidencial que acaba com a separação das famílias de imigrantes ilegais quando chegam aos Estados Unidos, mantendo, ao mesmo tempo, a política de "tolerância zero". O documento prevê que pais e filhos fiquem todos detidos no mesmo espaço e por tempo indeterminado.
Trump explicou aos jornalistas na Casa Branca que o documento vai “manter as famílias juntas enquanto, ao mesmo tempo, assegura que temos uma fronteira poderosa e muito forte”.
"Não gosto da visão ou do sentimento de famílias a serem separadas", acrescentou.
Além de ordenar a detenção de famílias inteiras sem documentos à chegada à fronteira norte-americana, evitando assim que as crianças sejam colocadas em locais diferentes dos pais, o documento prevê que os imigrantes ilegais com filhos tenham prioridade nos respectivos processos de regularização.
"Vou assinar qualquer coisa em breve sobre o que se está a passar", anunciou Trump horas antes. "Queremos resolver este problema de imigração".
Trump pediu à secretária da Segurança Interna dos EUA, Kirstjen Nielsen, um documento que acabasse com a separação das famílias na fronteira. Mas a CNN acrescenta que o decreto também reforça a segurança na fronteira, para impedir a entrada dos imigrantes ilegais.
A CNN diz que a primeira dama, Melania Trump, teve um papel na redacção do documento e na decisão de Trump. "A primeira dama tem estado a trabalhar nos bastidores, encorajando o Presidente a manter as famílias juntas, quer através de uma acção legislativa [no Congresso] ou de uma acção individual [um decreto presidencial]", disse uma fonte da Casa Branca à estação de televisão. Melania Trump tinha criticado a separação das famílias – mas não teceu comentários sobre a política de tolerância zero do marido.
Kirstjen Nielsen foi à Casa Branca e o Presidente cancelou o piquenique agendado para esta quarta-feira nos jardins da residência oficial com membros do Congresso. "Não me parecia bem fazer um piquenique para o Congresso quando estou a fazer uma coisa tão importante", explicou Trump quando já várias famílias estavam na cidade para participar e os cozinheiros já grelhavam a carne do planeado churrasco, segundo escreveram jornalistas da CBS e da Fox no Twitter.
A política de "tolerância zero" aplicada pela Administração Trump trata da mesma forma traficantes e imigrantes indocumentados, instaurando processos criminais a qualquer adulto que entre nos EUA de forma ilegal. As crianças foram separadas dos pais porque não podem ser detidas.
A notícia de que os menores estavam a ser retirados aos pais e a serem levados para centros de detenção comparados a gaiolas, devido ao gradeamento usado, gerou indignação e críticas, inclusivamente dentro do Partido Republicano de Trump.
O New York Times cita fontes que dizem que o Presidente ficou furioso com a dimensão que a polémica atingiu na última semana e que estava à procura de uma saída para esta crise.
Trump tem recusado alterar a política de "tolerância zero" que levou à separação de 2300 crianças dos pais, dizendo que se recusa a abrir as fronteiras e a permitir que os ilegais permaneçam no país. Acusou os democratas de serem responsáveis por leis permissivas que incentivam os imigrantes a entrarem no país ilegalmente.
O anterior Presidente, o democrata Barack Obama, publicou no Twitter um depoimento a propósito do Dia Mundial do Refugiado, que se assinala nesta quarta-feira. Mencionou a separação de crianças e pais nos EUA: "Ver em directo estas famílias a serem separadas levanta uma pergunta simples: somos um país que aceita a crueldade de se arrancarem crianças dos braços dos pais, ou seremos um país que valoriza a família e que trabalha para a manter junta? Olhamos para o lado ou vemos naquelas pessoas um pouco de nós e dos nossos filhos?"