Câmara da Póvoa de Varzim declara concelho antitouradas

A praça de touros da cidade vai ser transformada em multiusos e deixará de receber touradas

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Nelson Garrido

A Câmara da Póvoa de Varzim declarou o concelho “antitouradas”, pelo que a partir de Janeiro de 2019 serão proibidas corridas de touros ou outros espectáculos “que envolvam violência sobre animais”, anunciou nesta quarta-feira o município. Em nota publicada na sua página oficial, o município sublinha que aquela decisão foi aprovada por unanimidade.

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A Câmara da Póvoa de Varzim declarou o concelho “antitouradas”, pelo que a partir de Janeiro de 2019 serão proibidas corridas de touros ou outros espectáculos “que envolvam violência sobre animais”, anunciou nesta quarta-feira o município. Em nota publicada na sua página oficial, o município sublinha que aquela decisão foi aprovada por unanimidade.

Na última semana, o presidente da câmara, Aires Pereira, já tinha anunciado que a praça de touros da cidade vai ser transformada em pavilhão multiusos e deixará de receber touradas, logo depois de realizadas as duas agendadas para este Verão.

Na terça-feira, o concelho foi declarado “antitouradas”, num “corte inevitável com uma tradição que, tendo feito o seu caminho e prosseguido o seu objectivo, não tem, nos nossos dias, razão de ser”.

A nota divulgada sublinha que esta medida vem na sequência de outras já tomadas anteriormente em nome da defesa e do bem-estar dos animais. Lembra que a Câmara da Póvoa de Varzim já tinha proibido a utilização de animais selvagens em espectáculos de circo, mesmo antes de essa utilização ter sido proibida por lei.

Acrescenta que a câmara também já criou “mais condições” para a população canina, quer no Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia, onde se não fazem abates, quer nas instalações de A Cerca, associação de voluntários com quem foi estabelecido protocolo de suporte à sua actividade. Alude ainda à criação da Ambulância Animal, para socorro de animais em sofrimento na via pública.

Na terça-feira, a câmara “aprovou, por unanimidade, a interdição de corridas de touros ou outros espectáculos que envolvam violência sobre animais, a partir de 1 de Janeiro de 2019”.

Aires Pereira explicou que “com a progressiva perda de público dos espectáculos tauromáquicos, mais acentuada a norte que a sul, reflectida numa queda global de 50% nos últimos sete anos, as praças de touros do Norte passaram a ter um uso residual”. Disse ainda que, ultimamente, apenas se realizavam duas touradas por ano na praça da Póvoa de Varzim e que a sociedade “se tem vindo a posicionar de forma diferente” em relação a essas corridas.

“Há uma outra sensibilidade em relação às touradas. As novas gerações olham-nas de forma diferente. Este ano, já não se fizeram garraiadas nas festas académicas e a câmara decidiu dar um novo uso àquela praça”, referiu.

Esta decisão é contestada pelo Movimento a Favor da Festa dos Toiros na Póvoa de Varzim, que lançou um abaixo-assinado que já reúne mais de 1600 assinaturas, para tentar reverter a proibição das touradas no concelho. “Não queremos guerra com ninguém, apenas queremos provar que há muita gente que gosta de touradas e que essa gente também merece ser respeitada”, disse à Lusa Rui Porto, daquele movimento.

Também a ProToiro, Federação Portuguesa de Tauromaquia, já se manifestou contra o fim das touradas na Póvoa de Varzim, sublinhando que “seria um enorme contra-senso” uma praça de touros ser reabilitada e passar a ficar indisponível “para aquela que é a sua principal função”.