Querida Lu…
Não deixava, não deixou nunca, de ter capacidade crítica sobre o que se ia passando no jornal. Mas estava sempre disponível e afectuosa.
Se a morte de um próximo é sempre dolorosa, mesmo quando há muito sabíamos que se aproximava, com o falecimento da Lucília Santos, da Lu, como todos se lhe referíamos, é como se uma parte de nós desaparecesse, tão longa foi o contacto e os anos de uma intensa amizade.
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Se a morte de um próximo é sempre dolorosa, mesmo quando há muito sabíamos que se aproximava, com o falecimento da Lucília Santos, da Lu, como todos se lhe referíamos, é como se uma parte de nós desaparecesse, tão longa foi o contacto e os anos de uma intensa amizade.
Quando eu comecei a colaborar no Expresso em 1978, já a Lu lá estava, claro, desde a fundação do semanário, em 1973. Era a secretária pessoal do fundador e director, Francisco Pinto Balsemão, com quem já vinha desde os tempos do Diário Popular. Até ao fim, numa das últimas vezes que foi até ao PÚBLICO para almoçar com os mais próximos, o Lu reiterou o seu apreço por Balsemão e o círculo próximo desses anos, Sá Carneiro, João Morais Leitão, Marcelo Rebelo de Sousa.
Balsemão foi para o governo, Marcelo também depois, os directores do Expresso foram-se sucedendo e a Lu continuava a ser a secretária deles.
Mas quando em 1989 um grupo decidiu sair do Expresso e lançar-se no que entendíamos ser o jornal diário que faltava, a Lu acompanhou-nos.
Passou a ser assessora da direcção. Todos os dias estava na reunião matinal da direcção e editorias, ia anotando os assuntos a abordar, com que textos e de quem, e depois era ela que fazia a distribuição de páginas, publicidade já incluída, além de seleccionar as cartas dos leitores. Era como se pré-maquetasse o jornal, uma tarefa de que os leitores não tinham a noção, mas que era da maior importância.
Não deixava, não deixou nunca, de ter capacidade crítica sobre o que se ia passando no jornal. Mas estava sempre disponível e afectuosa: “Ó Lu achas que isto tem cabimento?”, “Ó Lu podes-me tratar disto?”
Já há anos a doença apartara-a da presença diária no jornal. Não houve ninguém para a substituir – porque era de facto insubstituível.
O PÚBLICO deve-lhe muito e cada um de nós que com ela trabalhámos e privámos ao longo de anos, cada um de nós tem uma, muitas coisas, que lhe ficámos a dever.
Querida Lu, não te esqueceremos, manteremos uma memória viva, e no PÚBLICO perdurará, insistente, a recordação de quem foi tão importante ao jornal.