Divergências entre EUA e aliados põem NATO em risco, alerta Stoltenberg

Secretário-geral lamenta momento actual da parceria transatlântica e pede unidade em nome da segurança de todos os aliados.

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Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO Reuters/FRANCOIS LENOIR

A menos de um mês da realização da próxima cimeira da NATO, Jens Stoltenberg lançou um aviso a todos os aliados: ou se entendem ou a Aliança Atlântica fica em risco. Num artigo de opinião publicado esta terça-feira no Guardian, o secretário-geral da organização assume que as divergências entre os Estados Unidos e os restantes aliados estão a desgastar o relacionamento entre todos e pediu “vontade política” para dar a volta à situação.

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A menos de um mês da realização da próxima cimeira da NATO, Jens Stoltenberg lançou um aviso a todos os aliados: ou se entendem ou a Aliança Atlântica fica em risco. Num artigo de opinião publicado esta terça-feira no Guardian, o secretário-geral da organização assume que as divergências entre os Estados Unidos e os restantes aliados estão a desgastar o relacionamento entre todos e pediu “vontade política” para dar a volta à situação.

“Os laços que nos ligam estão sob pressão, ao nível político. Existem diferenças reais entre os EUA e outros aliados sobre questões como o comércio, as alterações climáticas e o acordo nuclear iraniano”, escreveu o norueguês. “Estas divergências são verdadeiras e não vão desaparecer da noite para o dia. E não está escrito em nenhuma pedra que o vínculo transatlântico vai prosperar para sempre”.

Stoltenberg acredita, no entanto, que “o colapso não é inevitável” e que “as nuvens políticas irão passar”, por ser do “profundo interesse” de todos os aliados a “manutenção da unidade”. Para tal pede “vontade política”, “imaginação” e “trabalho árduo” aos membros da NATO.

“Temos de continuar a trabalhar arduamente para resolvermos as nossas disputas. E quando persistirem as diferenças, temos de limitar qualquer impacto negativo que possam ter na nossa cooperação securitária”, sustentou o secretário-geral da aliança.

As relações entre os EUA e os parceiros europeus têm vindo a deteriorar-se nos últimos meses, fruto da retirada dos norte-americanos dos acordos internacionais referidos por Stoltenberg e da deriva proteccionista da Administração Trump, que põe o Ocidente à beira de uma guerra comercial.

Essa tensão entre aliados foi palpável na última cimeira do G7, no Canadá, que desembocou numa violenta trocas de acusações e ameaças entre Trump e os restantes líderes das economias mais avançadas do mundo.

A mais recente alfinetada do Presidente dos EUA a um aliado da NATO foi dirigida à Alemanha, com a estratégia migratória europeia como pano de fundo. Na segunda-feira Trump atacou as políticas da chanceler Angela Merkel, através do Twitter.

“O povo alemão está a virar-se contra a sua liderança numa altura em que a migração está a abalar uma coligação já de si frágil em Berlim. O crime disparou na Alemanha. Um erro grave repetido em toda a Europa ao permitir a entrada a milhões de pessoas que mudaram a sua cultura de forma tão forte e tão violenta!”, escreveu na rede social.