Todos os 629 migrantes recolhidos pelo Aquarius já chegaram ao porto de Valência
Espanha aceitou receber os migrantes depois da recusa de Itália e de Malta, evitando uma tragédia humanitária.
O terceiro grupo dos 629 migrantes socorridos pelo navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, já chegou este domingo ao porto de Valência, em Espanha. O navio da armada italiana Orione, com 250 migrantes, foi o último a chegar.
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O terceiro grupo dos 629 migrantes socorridos pelo navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, já chegou este domingo ao porto de Valência, em Espanha. O navio da armada italiana Orione, com 250 migrantes, foi o último a chegar.
Às primeiras horas da manhã chegou o Dattilo, com 274 migrantes, que foram de imediato apoiados pelo Cruz Vermelha, alguns dos quais já transportados para hospitais de Valência. Seguiu-se o navio Aquarius, por volta das 10h30, com 106 migrantes, que ainda estão a receber os primeiros cuidados de saúde e a serem identificados.
A Cruz Vermelha tem no local um dispositivo de apoio com mais de um milhar de pessoas, entre profissionais e voluntários, mas com as equipas oficiais supera os dois mil.
Segundo a Agência France Presse, os primeiros migrantes do Aquarios chegaram ao porto de Valência pelas 5h33 (hora portuguesa), ao passo que a agência EFE descrevia, à mesma hora, que a silhueta branca do Dattilo, o barco de patrulha da guarda costeira italiana em que viajaram 274 migrantes, estava já alinhada na entrada do porto espanhol, onde deveria atracar às 7h, depois de oito dias de travessia.
O porto de Valência estava preparado para receber a chegada repartida de 630 migrantes que viajam a bordo de três barcos: 274 no Dattilo, 106 no Aquarius e 250 no navio da armada italiana Orione, o último que está previsto entrar no porto espanhol.
O Aquarius sofreu um atraso devido ao ritmo de desembarque e das medidas de assistência prestadas ao primeiro grupo de migrantes.
Depois de Itália e Malta se terem recusado, a 10 de Junho, a receber os migrantes que foram resgatados em águas internacionais ao largo da Líbia, Espanha aceitou recebê-los. O Governo de Itália proibiu que desembarquem nos seus portos, num sinal da política do novo Governo,
Entre os migrantes estão 123 menores não acompanhados, onze bebés e sete grávidas.
Os apelos da Amnistia Internacional
A Amnistia Internacional (AI) espanhola apelou este sábado que o Governo de Espanha analise individualmente cada caso dos 629 migrantes estão a chegar a Valência e que reforme o sistema de acolhimento e de asilo, para que não acabem na indigência.
Em comunicado, a organização valoriza "a iniciativa de solidariedade e humanismo levada a cabo pelo Governo espanhol e comunidade valenciana", mas defende que "é necessário que se estude cada caso individualmente para que se identifiquem as possíveis pessoas refugiadas".
"O Governo espanhol tem a oportunidade de mostrar que isto não fica só em palavras e gestos. É necessário que adoptem todas as medidas necessárias para rever o actual sistema de asilo e de acolhimento, que está obsoleto, e não se adequa às necessidades das pessoas refugiadas e solicitantes de asilo que estão a chegar às nossas fronteiras", defendeu Esteban Beltrán, director da AI de Espanha.
A AI destaca que, no final do mês, vai ser negociado no Conselho Europeu o Sistema Europeu Comum de Asilo (SECA), pelo que pede a Espanha que adopte "um papel proactivo para garantir um mecanismo obrigatório de acolhimento de pessoas refugiadas de maneira justa e equitativa para todos os países da UE, de forma que os Estados membros cumpram com as suas obrigações de protecção aceitando uma responsabilidade partilhada e facilitem, entre outros aspectos, a reunificação familiar".