Floresta e revitalização do interior. Marcelo diz que autoridades “estão a fazer o que podem”

No dia em que se assinala um ano do incêndio de Pedrógão Grande, responsáveis políticos voltam ao terreno.

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PAULO CUNHA/Lusa

Falta caminho, mas o percurso está a ser feito. Um ano depois do incêndio que deflagrou em Pedrogão Grande e causou a morte a 66 pessoas, o Presidente da República voltou à região. Regressou com a mensagem de que os responsáveis políticos estão a fazer tudo o que podem para esbater os problemas que as chamas deixaram a nu. Mas isso pode não ser suficiente, alerta.

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Falta caminho, mas o percurso está a ser feito. Um ano depois do incêndio que deflagrou em Pedrogão Grande e causou a morte a 66 pessoas, o Presidente da República voltou à região. Regressou com a mensagem de que os responsáveis políticos estão a fazer tudo o que podem para esbater os problemas que as chamas deixaram a nu. Mas isso pode não ser suficiente, alerta.

Marcelo Rebelo de Sousa começou a manhã ao falar no Congresso Nacional de Queimados, em Pedrógão Pequeno, frente a uma plateia onde estavam alguns dos feridos mais graves dos incêndios de 17 de Junho de 2017. Perante a pergunta hipotética dirigida pelo Presidente aos responsáveis políticos, o próprio respondeu afirmativamente, mas com um aviso: “Os senhores estão aí e estão a fazer o que podem? Acho que os responsáveis estão a fazer. Todos. Mas provavelmente ainda não chega. É preciso mais."

E também não basta fazer só o que é possível fazer agora. Marcelo deixa um aviso para o futuro: “Hoje estamos aqui. E daqui a um ano, quando estivermos a um ano das eleições, estaremos cá os mesmos com a mesma preocupação? Com a mesma mobilização? E no ano seguinte, em que não há eleições, estaremos os mesmos a retirar as lições do passado e a construir o futuro?”

Minutos antes, o presidente da Associação Amigos dos Queimados, Celso Cruzeiro, tinha já feito um apelo à memória. Apontou que os problemas dos queimados nunca tiveram tanta visibilidade, mas lembrou também tragédias do passado. “Torna-se imperativo que este tema não volte a cair no esquecimento.”

Um esquecimento que, aponta Marcelo, deve ser corrigido e que começou com o pagamento de indemnizações “não apenas às vitimas mortais, mas aos feridos graves”, uma medida “sem precedentes em Portugal”. O pagamento das verbas representa o “assumir de uma responsabilidade colectiva”. Não apenas de uma responsabilidade sobre o momento dos incêndios, mas uma responsabilidade “com décadas, porventura com séculos de inação ou de omissão”. Pelas assimetrias regionais, pelo que não se fez na floresta, mas também na prevenção e na capacidade de resposta, sublinhou.

Ao assinalar a tragédia de Pedrogão Grande, Marcelo fez questão de recordar também a de 15 de Outubro. Os dois são territórios diferentes, mas tendo em comum “ambos serem relativamente esquecidos, desconhecidos, compreendidos por esse outro Portugal”, a parte metropolitana do país. E essa parte do país deve perceber que “sozinho não chega lá”. Ou seja, é um problema de coesão. “Estamos todos no mesmo barco. Quem está na proa não chega sozinho”. E se o lastro daqueles que ficam para trás nesse barco for tão grande” pela desigualdades das condições de vida, prossegue, “o barco não chega lá”.

A viagem desse barco, se chegar ao destino, vai demorar. À saída de uma missa para assinalar a data em Pedrógão Grande, António Costa disse mesmo que há questões que “levarão o seu tempo”. O primeiro-ministro voltou a identificar a revitalização do interior e a reforma da floresta, duas matérias que “ganharam visibilidade com esta tragédia”. Ao mesmo tempo que se faz esse “trabalho a longo prazo”, não se pode “deixar de dar resposta no imediato” a quem vive nesses territórios, sublinhou.