Ataque suicida do Daesh ensombra tréguas no Afeganistão
Taliban declararam um surpreendente cessar-fogo para assinalar o fim do Ramadão e foram autorizados a entrar em várias cidades.
A explosão de um carro armadilhado no Leste do Afeganistão causou pelo menos 26 mortos este sábado e mais de 40 feridos, durante um período de tréguas de três dias entre as forças militares afegãs e os taliban. O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Daesh e teve como alvo um encontro entre dirigentes afegãos e taliban.
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A explosão de um carro armadilhado no Leste do Afeganistão causou pelo menos 26 mortos este sábado e mais de 40 feridos, durante um período de tréguas de três dias entre as forças militares afegãs e os taliban. O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Daesh e teve como alvo um encontro entre dirigentes afegãos e taliban.
O dia estava a ser marcado por imagens impensáveis até há bem pouco tempo. Militares afegãos e elementos pertencentes aos taliban posavam abraçados para fotografias, celebrando o Eid al-Fitr, a grande festa que se segue ao fim do Ramadão.
Na véspera, os taliban anunciaram de forma surpreendente um cessar-fogo – que não abrange forças estrangeiras – durante três dias, que coincide com tréguas já iniciadas pelas forças afegãs. Desde que o seu regime foi derrubado pela invasão norte-americana em 2001, os taliban nunca tinham declarado qualquer pausa nos combates contra as forças afegãs e estrangeiras.
O Presidente afegão, Ashraf Ghani, divulgou entretanto a intenção de estender as tréguas e propôs ao grupo extremista que também o fizesse. Na véspera, o Governo afegão anunciara a morte do líder dos taliban paquistaneses, Mullah Fazlullah, durante uma operação conjunta com os EUA na fronteira entre os dois países.
Ghani, que conta com o apoio de Washington, tem tentado chegar a um acordo para pôr fim ao conflito que dura há quase duas décadas. Em Fevereiro, propôs aos taliban a abertura de conversações de paz sem pré-condições e com garantias de reconhecer os taliban como uma força política legítima.
“Foi o Eid mais pacífico. Pela primeira vez sentimo-nos seguros”, dizia à Reuters o estudante Qais Liwal. O centro de Kunduz, que tem sido palco de violentos confrontos, assistiu a vários encontros amigáveis, após ter sido dada autorização de entrada a membros dos taliban que se apresentaram desarmados. "Não conseguia acreditar nos meus olhos. Vi taliban e polícias lado a lado a tirarem selfies", disse Mohammad Amir, residente na cidade.
"Este acontecimento inédito despertou a esperança de uma paz permanente neste país arrasado pela guerra", escreveu o jornalista da BBC Anbarasan Ethirajan.
Porém, o ataque na cidade de Nangarhar ensombrou o raro dia de paz no país. O atentado foi reivindicado pelo Daesh, através da Amaq, o seu braço de propaganda que referiu o alvo como “um encontro de forças afegãs”.
O Daesh tem tentado impor a sua presença no Leste do Afeganistão e luta com os taliban para liderar a oposição armada ao Governo de Cabul, apoiado pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Em Abril, o grupo foi responsável por um atentado que matou 57 pessoas na capital enquanto estas tentavam recensear-se a tempo das eleições legislativas.