Sabem por onde vão. Pela leitura
Há 16 anos que os Caminhos de Leitura se fazem ao caminhar. Um encontro de literatura infanto-juvenil que Pombal organiza com a convicção de que se pode (e deve) ler em todo o lado.
Começou nesta quinta-feira o XVI Encontro de Literatura Infanto-Juvenil no Teatro-Cine de Pombal. Porque é de caminhos e percursos que se trata, o programa organiza-se em apeadeiros: da leitura, da ilustração e da memória. Também há oficinas caminhantes, para que os adultos aprendam a conquistar novos leitores.
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Começou nesta quinta-feira o XVI Encontro de Literatura Infanto-Juvenil no Teatro-Cine de Pombal. Porque é de caminhos e percursos que se trata, o programa organiza-se em apeadeiros: da leitura, da ilustração e da memória. Também há oficinas caminhantes, para que os adultos aprendam a conquistar novos leitores.
“Ano após ano, sentimos uma diversidade muito grande na edição, ilustração e texto. Conseguimos, neste momento, ter acesso a livros com elevada qualidade estética e literária. Sente-se uma preocupação no equilíbrio de imagem e de texto”, diz ao PÚBLICO Sónia Fernandes, técnica superior de animação, que faz parte da organização do encontro. A pergunta era: “Depois de tantas edições, algo mudou na leitura e na literatura infanto-juvenil?”
Sónia quis dizer mais: “Há livros fantásticos, que nos transportam para outros mundos. Há mediadores fantásticos que nos levam de mãos dadas para o universo dos autores.”
Ler e dar a ler
Então, o que é que falta para pôr mais crianças e jovens a ler? “Falta acentuar a política de leitura a nível nacional e, a nível local, reforçar os programas já existentes. É preciso ler, ler na escola, ler na biblioteca, ler em casa, ler, ler, ler, ler em todo o lado.” Mais: “É necessário dar a ler!”
Porque acreditam nisso mesmo, convocam, há 16 anos, quem trabalha com as palavras e as imagens e que as transmitem de forma criativa às crianças e jovens, no sentido de as “viciar” nesse admirável mundo.
Por isso, esta profissional ligada ao Teatro-Cine de Pombal e à câmara não tem dúvidas: “O público infantil e escolar já está conquistado, não só para os Caminhos de Leitura, mas também para os diversos programas de leitura que o município tem em prática.”
Sobre a comunidade em geral, diz: “Sentimos uma maior proximidade, sobretudo quando colocámos o festival de narração oral no jardim, um espaço público de acesso a todos. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas temos esperança de conseguir envolver cada vez mais a nossa comunidade.”
O Jardim da Várzea acolhe o Mercado do Livro e da Leitura, com a presença das livrarias Cabeçudos (itinerante), Gigões e Anantes e O Gato Leitor. Este também será o espaço para a memória, onde à noite (22h) decorrerá o Festival de Narração Oral, com a presença de contadores como: Ana Sofia Paiva, Pep Bruno, Benita Prieto (14 de Junho); Jorge Serafim, Quico Cadaval e José Mauro Brant (15 de Junho).
Lobos, migrantes, cores e brinquedos
No universo da ilustração, são quatro as exposições que se abrem à comunidade e aos visitantes. Duas no Teatro-Cine de Pombal: LoBOBOm, de Gémeo Luís, e Diário de Um Migrante, de Ana Sofia Gonçalves. Duas na biblioteca municipal: A Rainha das Cores, ilustração de Jutta Bauer com instalação e objectos animados de Mafalda Milhões, e Buriti Brasil, exposição de brinquedos e objectos populares vindos das águas, com coordenação de Maurício Leite.
Sobre esta última, diz-se na apresentação: “Os brinquedos e objectos revelam uma parte de quem somos e como vivemos, como brincamos na Amazónia. Revelam os encantamentos do tempos dos nossos antepassados portugueses, africanos e indígenas.” São peças construídas no âmbito do Projecto Malas de Leitura e Oficinas de Brinquedos na ilha do Bananal (Mato Grosso, Brasil).
No segundo dia, às 15 horas, há uma palestra com José Mauro Brant, sobre O Livro dos Acalantos. Segue-se (às 16h30) Rita Alves, com a comunicação “Na minha escola, os muros só servem para escrever”, com moderação de Jorge Serafim. Mais tarde (18 horas), Lucas Ramada desenvolverá o tema “Más allá del libro: literaturas y ficciones digitales”, na companhia de Benita Prieto.
Esforço e festa
A encerrar, no sábado, Eduardo Marçal Grilo falará com Alberto Manguel sobre Las Lágrimas de Isaac. Para depois se desfrutar da presença da Associação Andante, em Actos de Leitura – Ordenar o Mundo.
Será assim que, por estes dias, se “misturam” especialistas, autores, ilustradores e mediadores da leitura de Portugal, Brasil, Argentina, Espanha e França, para em conjunto reflectirem sobre “o papel da literatura e do livro no desenvolvimento dos mais novos”, partilhando experiências e estratégias. E divertindo-se. Porque acreditam que, mesmo exigindo esforço, a leitura é sempre uma festa.