Praça de Touros da Póvoa de Varzim vai deixar de receber touradas
Este Verão, assegura o autarca, a Praça acolherá as suas duas últimas corridas. A Protoiro, Federação Portuguesa de Tauromaquia, vai tentar reverter a decisão
A Praça de Touros de Póvoa do Varzim vai ser transformada em multiusos e deixará de receber touradas, uma decisão que a Federação Portuguesa de Tauromaquia vai tentar reverter, disse à Lusa Aires Pereira, presidente da câmara de Póvoa de Varzim, na terça-feira, 12 de Junho.
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A Praça de Touros de Póvoa do Varzim vai ser transformada em multiusos e deixará de receber touradas, uma decisão que a Federação Portuguesa de Tauromaquia vai tentar reverter, disse à Lusa Aires Pereira, presidente da câmara de Póvoa de Varzim, na terça-feira, 12 de Junho.
"Vamos fazer ali um investimento de cinco milhões de euros, construindo um multiusos que acolherá as mais variadas actividades desportivas e culturais ao longo de todo o ano, e a manutenção de instalações para a realização de corridas de touros seria uma grande condicionante, pelo que decidimos que, ali, deixará de haver touradas", explicou o autarca.
Disse ainda que, ultimamente, apenas se realizavam duas touradas por ano naquela praça e que a sociedade "se tem vindo a posicionar de forma diferente" em relação a essas corridas.
"Há uma outra sensibilidade em relação às touradas, as novas gerações olham-nas de forma diferente, este ano já não se fizeram garraiadas nas festas académicas e a câmara decidiu dar um novo uso àquela praça", referiu.
Este Verão, assegurou o autarca, a Praça de Touros da Póvoa de Varzim acolherá as suas duas últimas corridas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Protoiro, Hélder Milheiro, manifestou "choque e surpresa" com a decisão e adiantou que já pediu uma reunião urgente com Aires Pereira para o tentar demover da ideia. "Estamos em crer que, com diálogo, tudo se resolverá", referiu.
A Protoiro, Federação Portuguesa de Tauromaquia, diz que há soluções técnicas que permitirão "facilmente" a coexistência das mais variadas funcionalidades com a actividade tauromáquica e mostra-se "completamente disponível" para indicar especialistas com o know-how necessário para o efeito. "Acreditamos que, com boa-fé e mobilização de conhecimento técnico, esta situação se resolverá com grande facilidade", acentuou Hélder Milheiro.
A Protoiro aponta os casos das arenas do Campo Pequeno, Évora, Redondo ou Elvas, que foram recuperadas e acumulam "tranquilamente" a sua função tauromáquica com as mais diversas actividades desportivas e lúdicas.
"Seria um enorme contra-senso uma praça de touros ser reabilitada e não ter a sua principal função disponível, a não ser que exista alguma intenção oculta", enfatizou Hélder Malheiro.
Acrescentou que a tauromaquia é um "traço centenário" da cultura e identidade dos poveiros, sendo a sua praça um "ex-líbris" da cidade e da tauromaquia no Norte de Portugal. Disse ainda que a tauromaquia "é uma das marcas distintivas e uma das mais-valias" da oferta turística e cultural da cidade e da região.
Lembrou que a tauromaquia está classificada como "parte integrante da cultura popular portuguesa" e que impedir ou proibir manifestações culturais "é uma violação" da Constituição.
À Lusa, o presidente da Câmara lembrou que as touradas não passam a ser proibidas no concelho, mas apenas não se poderão realizar na actual arena. "Se alguém quiser promover uma tourada no concelho, nomeadamente numa arena amovível, contacta a câmara e a câmara logo decidirá", referiu.
O projecto de transformação da praça de touros em multiusos, que contempla a cobertura do recinto, já está a ser elaborado, prevendo-se que a obra arranque em 2019 e esteja pronta no verão de 2020.
A corrida inaugural da Praça de Touros da Póvoa de Varzim decorreu a 19 de Junho de 1949.