Abrem-se as janelas e o Douro a correr, quase ali
Desde 2012, quando o Porto Ribeira abriu, são mais os turistas e é muito mais a cidade. E por isso o hotel também teve de crescer. A Carrís Hotels decidiu passar de 90 para 159 quartos, autênticos miradouros privados para ver o rio.
Estávamos em 2012, quando, pela primeira vez, o Porto dormia “sobre carrís”. O grupo espanhol Carrís Hoteles (CH), nome propício ao trocadilho com que se começa o texto, aventurava-se pela primeira vez além-Galiza, onde até então se cingia a sua oferta, e apresentava o Porto Ribeira, o “novo quatro estrelas da cidade”.
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Estávamos em 2012, quando, pela primeira vez, o Porto dormia “sobre carrís”. O grupo espanhol Carrís Hoteles (CH), nome propício ao trocadilho com que se começa o texto, aventurava-se pela primeira vez além-Galiza, onde até então se cingia a sua oferta, e apresentava o Porto Ribeira, o “novo quatro estrelas da cidade”.
Sem surpresas, e mais uma vez a seguir o que o nome indica, o hotel abriu na Rua do Infante D. Henrique (na porta número 1), bastando a quem lá escolhe dormir dar cerca de cem passos ao longo da Rua de São João para ficar a um do Douro. O mesmo rio que poderá já ter visto correr, devagar, da janela do quarto — cuidado, para lá só salta quem o conhece desde sempre, e usando como prancha o tabuleiro inferior da Ponte Luiz I.
São essas crianças, imitadas por um ou outro turista perdido na procura da “experiência local mais autêntica”, como se promete em placas afixadas numa das portas da Ribeira do Porto, enfeitada de cima a baixo por souvenirs, que poderá ver em pleno salto, sem que para isso precise de fazer mais do que espreitar pela janela.
Isto porque “metade dos quartos do hotel tem agora vista para o rio”, conta Aurora Costas, directora do Carrís Hotel Porto Ribeira, que entrou em obras de expansão em 2016 — entretanto já dadas como “terminadas desde Fevereiro” último — de modo a conseguir, por exemplo, aumentar a capacidade de “90 para 159 quartos, muitos deles de categoria superior”, assegura.
E não estão sozinhos: a expansão é uma das 23 remodelações previstas para este ano, em Portugal, segundo as contas da associação de hotelaria (AHP), que espera ainda a abertura de 61 novas unidades hoteleiras, metade delas distribuídas pelas duas principais cidades portuguesas e maioritariamente com quatro ou cinco estrelas. Tudo isto se traduz em mais 4770 quartos do que os que existiam em território nacional em 2017, ano em que abriram 29 novos hotéis e se remodelaram 20, de acordo com os dados da AHP.
As razões para a expansão do hotel, que abriu portas há seis anos após a reabilitação de cinco edifícios da zona histórica do Porto, dos quais se restaurou e manteve a fachada, passeiam-se logo pela manhã por aquela zona ribeirinha. E estão à vista de qualquer passeio, ou ida para o trabalho, por qualquer parte da Baixa, e não só, da cidade. Era por isso desejável que, do outro lado, se desse resposta “ao aumento da procura”, que também chegou sobre a forma de um hostel, o Bluesock, uma estreia na Carrís, e de 16 apartamentos independentes, os Arc Carrís, que albergam até seis pessoas.
E quem é que os procura? Neste caso em particular, “muitos grupos de estrangeiros” e “muitos espanhóis”, que chegam tanto em lazer como em negócios; o que mostrava também a necessidade do hotel do grupo espanhol se capacitar enquanto possível “local de eventos particulares e conferências”, aponta a directora. Há, para, isso equipas disponíveis para ajudar em todos os passos do planeamento, cinco salas amplas, “modernas”, capazes de suportar “diferentes montagens”, “todas com muita luz natural” (característica que qualquer pessoa agradece ao fim de um par de reuniões) e com capacidade para receber desde 18 até 250 pessoas.
Há um restaurante, o Forno Velho — também agora maior e que, apesar de estar integrado no hotel, tem acessos próprios —, com um menu repleto de “reinterpretações” da comida portuguesa, que se torna assim mais moderna que tradicional, e altas arcadas graníticas que remontam às construções romanas, preservadas aquando da construção do hotel com recurso à ajuda de arqueólogos. E há um bar de tapas, que chegam às mesas acompanhadas por vinhos portugueses, numa cave rústica, entre a pedra e o ferro.
Nos andares superiores, os quartos vestem-se de tons quentes e madeiras escuras, a mesma decoração que poderá encontrar nos outros hotéis do grupo, que se espalham pela Corunha, Santiago de Compostela, Ourense e Ferrol. A oferta começa nos quartos básicos e quartos com terraços adjuntos e vai subindo até às suítes, com destaque óbvio para a Suíte Porto Ribeira, um espaço de 70 metros quadrados com uma enorme janela panorâmica.
Mas a pergunta realmente importante a fazer na altura da reserva, é só uma: “O que se vê da janela?”. Há muitos quartos de onde apenas se avistam varandas de outros prédios mais altos, também eles renovados e quase todos transformados em alojamentos locais, hostels e hotéis. Procure os outros de onde o Douro se deixa espreitar, com tudo o que o rio traz por arrasto: primeiro os barcos rabelos, depois o cais, as caves de vinho do Porto, a Ponte Luiz I, a serra do Pilar toda iluminada. Faz lembrar uma piada muito contada por quem vive no Porto, para troçar de quem mora do outro lado. “Em Gaia, a única coisa bonita é a vista para o Porto.” De onde estamos, bem que podiam trocar a ordem à anedota, porque nós acreditávamos.
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A Fugas esteve alojada a convite do Carrís Porto Ribeira Hotel