Ulisses e Penélope voltaram à escola
Professores e alunos de todo o país trouxeram a Antiguidade para as salas de aula. Resultou. Crianças e jovens lêem os clássicos e gostam. Os prémios das Olimpíadas da Cultura Clássica são entregues nesta sexta-feira em Lisboa.
Perto de dois mil alunos de dezenas de escolas conviveram com Ulisses e Penélope, conheceram Zeus e os Jogos Olímpicos e exploraram o Labirinto de Creta com o Minotauro. Depois, participaram nas Olimpíadas da Cultura Clássica, uma iniciativa da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e das autoras do projecto Olimpvs.net.
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Perto de dois mil alunos de dezenas de escolas conviveram com Ulisses e Penélope, conheceram Zeus e os Jogos Olímpicos e exploraram o Labirinto de Creta com o Minotauro. Depois, participaram nas Olimpíadas da Cultura Clássica, uma iniciativa da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e das autoras do projecto Olimpvs.net.
Nesta sexta-feira, os melhores trabalhos de escrita, artes e multimédia recebem prémios na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O secretário de Estado da Educação, João Costa, vai lá estar.
O projecto foi anunciado em Novembro do ano passado, tendo como propósito “manter vivo o espírito humanista do conhecimento clássico”, como afirmou na altura Teresa Santa-Clara, da RBE. E “a resposta das escolas foi muito superior à esperada”, disse agora ao PÚBLICO.
Entraram no concurso cerca de mil trabalhos sobre Antiguidade Clássica escritos por alunos do 4.º ao 12.º ano, enquanto nas provas de artes e multimédia participaram 800 estudantes. Cristina Pimentel, presidente do júri, disse ao PÚBLICO: “Tínhamos pensado que, se nos chegassem 20 ou 30 trabalhos, já ficaríamos contentes. Foi uma bela surpresa.”
A adesão das escolas foi tal que tiveram de encerrar a plataforma de inscrição online para pedidos de conferências à volta do tema e do projecto, informa a professora da área de Literaturas, Artes e Culturas, dizendo que “choveram pedidos”.
Começa assim a ser cumprido o desejo das autoras da colecção Olimpvs.net, Ana Soares, professora, e Bárbara Wong, jornalista do PÚBLICO: “Estender este gosto pelos clássicos a todas as escolas.”
Esculturas, banda desenhada e humor
Cristina Pimentel valoriza o trabalho dos professores-bibliotecários e diz ter acontecido exactamente o que desejavam: “A ligação entre professores de várias disciplinas. Docentes de Língua Portuguesa, História, Educação Visual e Tecnológica trabalharam em conjunto.” Para o ano, terá de ser revista “a estrutura de funcionamento”, anuncia. “Estamos felizes, mas exaustas.”
Receberam esculturas, jogos de tabuleiro, bandas desenhadas, cartazes e até uma instalação artística (de quadros com poemas). Noutro registo, entraram no concurso filmes, jogos de computador, páginas Web e um e-book. “Trabalhos maravilhosos”, diz a jurada, que assumiu a dificuldade em escolher os premiados. A prová-lo está o facto de o primeiro prémio nesta categoria de artes/multimédia ter sido atribuído ex aequo a três trabalhos. “Sei que é estranho haver três primeiros prémios, mas era impossível escolher”, diz entusiasmada.
Na vertente das provas escritas, os alunos, além de terem de responder a algumas perguntas, foram desafiados a criar composições. Havia a proposta de se “transformarem” em Telémaco e redigirem uma carta que seria entregue ao seu pai; a de se imaginarem Teseu e entrarem no labirinto mas sem o novelo ou ainda supor que Ulisses tivesse conseguido libertar-se das cordas enquanto escutava o canto das sereias.
Aos estudantes do secundário foi pedido que imaginassem que Ulisses não tinha regressado a casa e ainda que se pusessem na pele de um jornalista que, à porta do labirinto, entrevistasse Teseu depois de este matar o Minotauro.
“Houve composições muito bem escritas e abordagens muito divertidas”, descreve Cristina Pimentel, que quer sublinhar que não consegue destrinçar as escolas públicas das privadas em termos da qualidade dos trabalhos que chegaram às mãos do júri. “Quando os professores são empenhados e os projectos são válidos, ser ensino público ou privado não interessa. O envolvimento é que conta”, conclui.
Foram premiados 49 alunos no escalão A (4.º, 5.º e 6.º anos), 26 no escalão B (7.º, 8.º e 9.º anos) e 22 no escalão C (10.º, 11.º e 12.º anos). Houve ainda duas distinções para Projecto de Escola, que envolveram perto de uma centena de alunos do 4.º ano. Os prémios são tablets, livros e entradas em museus.
A festa de entrega começa às 15h, com a exposição dos trabalhos, seguindo-se um momento musical, interpretado por alunos da Escola de Música do Conservatório Nacional (Quarteto em Sol menor, Op.27, Grieg) e por alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo da Escola Secundária de D. Pedro V (ópera ligeira Nos Montes de Viriato).
Haverá ainda tempo para a visualização dos trabalhos multimédia, com intervenção dos alunos vencedores.
Participam na cerimónia João Costa (secretário de Estado da Educação), Miguel Tamen (director da Faculdade de Letras), Manuela Pargana Silva (coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares) e Cristina Pimentel (presidente do júri).