Paulo Campos cria incómodo ao PS ao entrar para a comissão política

Antigo secretário de Estado de Sócrates, que está a ser investigado pelo Ministério Público, foi indicado por Daniel Adrião, adversário de António Costa nas directas.

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Paulo Campos ao lado de José Sócrates na inauguração do túnel do Marão, em 2016 neg nelson garrido

A entrada de Paulo Campos, um dos rostos do socratismo, para a nova Comissão Política Nacional (CPN) do PS, por indicação de Daniel Adrião, líder do Movimento Resgatar a Democracia, está a criar mal-estar no partido e na própria direcção nacional pelo facto de o antigo secretário de Estado das Obras Públicas estar a ser alvo de investigação por parte do Ministério Público (MP).

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A entrada de Paulo Campos, um dos rostos do socratismo, para a nova Comissão Política Nacional (CPN) do PS, por indicação de Daniel Adrião, líder do Movimento Resgatar a Democracia, está a criar mal-estar no partido e na própria direcção nacional pelo facto de o antigo secretário de Estado das Obras Públicas estar a ser alvo de investigação por parte do Ministério Público (MP).

“Paulo Campos está a ser investigado por alegada gestão danosa nas Parcerias Público-Privadas (PPP) rodoviárias feitas durante a governação de José Sócrates e isso deveria ser motivo suficiente para que ficasse fora das listas dos órgãos nacionais do PS”, defende Rui Martins, eleito delegado ao Congresso da Batalha na lista de Daniel Adrião.

Ao PÚBLICO, Rui Martins mostra-se surpreendido com a opção de Daniel Adrião e apela ao antigo governante para suspender a sua participação na CPN, eleita quarta-feira à noite, na primeira reunião da Comissão Nacional do PS depois do Congresso da Batalha. Ontem mesmo, começou a circular online uma petição nacional, apelando a Paulo Campos para que “suspenda a sua participação na CPN enquanto estiver sob investigação pelos crimes de corrupção, gestão danosa, fraude fiscal, tráfico de influências e branqueamento de capitais no âmbito das PPP rodoviárias e que se chegar a ser constituído arguido renuncie a este órgão, que é tido, geralmente, como o primeiro passo para ser incluído numa lista de deputados para o Parlamento”.

Daniel Adrião alega que “Paulo Campos não está acusado de nada” e que as suas escolhas para CPN são iguais às de há dois anos. “São as mesmas pessoas que estiveram dois anos na CPN e sobre elas foi feita uma avaliação pelos delegados ao congresso que é positiva”, declarou o dirigente do PS. O antigo secretário de Estado de Sócrates está a ser investigado pelo MP, tal como os ex-ministros Mário Lino e António Mendonça, pelo menos desde 2012.

Os quatro nomes indicados para a nova CPN são: Daniel Adrião (que, em Março, disputou as eleições directas com António Costa para secretário-geral do PS), Cristina Martins (que foi expulsa do PS depois de denunciar, em 2012, o caso das fichas falsas de militantes de Coimbra, tendo sido depois readmitida), Paulo Campos e José Carlos Pereira.

Na quarta-feira, a Visão adiantava no seu site que os quatro nomes indicados pelo Movimento Resgatar a Democracia “estão longe de agradar à direcção nacional” do partido, que, segundo a revista, terá tentado que Daniel Adrião integrasse a lista de António Costa e Ana Catarina Mendes. Mas, “devido à pressão dos seus apoiantes mais próximos", acrescentava a Visão, o dirigente nacional do PS deixou cair o acordo, mantendo as suas escolhas.

Notícia alterada: acrescentada a informação de que Mário Lino, António Mendonça e Paulo Campos foram alvo de investigação por parte do MP logo em 2012.