Estacionamento e trânsito preocupam moradores de Entrecampos
A operação urbanística anunciada para a antiga Feira Popular (e não só) vai tornar ainda mais impossível circular e estacionar numa zona já martirizada, dizem residentes.
Os moradores das redondezas de Entrecampos estão preocupados com o impacto no trânsito e no estacionamento que o megaplano urbanístico da câmara pode ter naquele local. Numa audição pública promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa, quase todos os munícipes intervenientes manifestaram receio de que a zona, habitualmente já muito congestionada, venha a ficar ainda pior.
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Os moradores das redondezas de Entrecampos estão preocupados com o impacto no trânsito e no estacionamento que o megaplano urbanístico da câmara pode ter naquele local. Numa audição pública promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa, quase todos os munícipes intervenientes manifestaram receio de que a zona, habitualmente já muito congestionada, venha a ficar ainda pior.
Rui Barbosa, do movimento cívico Vizinhos das Avenidas Novas, foi um dos que questionou porque é que só estão previstos 1800 lugares de estacionamento na Operação Integrada de Entrecampos quando a câmara prevê ali a criação de 15 mil postos de trabalho. Também Tiago Marques, da Associação de Moradores da Praça de Entrecampos (AMPRE), se disse preocupado com esta questão, bem assim com o previsível aumento do tráfego. “O trânsito automóvel já é um caos, todos nós já sentimos isso no nosso dia-a-dia”, desabafou.
“O problema do estacionamento é efectivamente crítico, mas há aqui um equilíbrio sobre o qual temos de pensar”, respondeu o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, que no início da sessão já dissera que Entrecampos “é o centro geométrico do município e é o ponto de cruzamento de todas as linhas ferroviárias”, advogando que é “uma das zonas mais bem servidas de transportes da cidade”.
“Se nós aumentamos a oferta de estacionamento, se esta zona da cidade está congestionada, mais congestionada ficará”, disse Manuel Salgado. O vereador, contrariamente a alguns moradores, está convicto de que o prolongamento da Rua da Cruz Vermelha da Avenida 5 de Outubro até à Avenida da República “vai melhorar a circulação” na zona.
Outra preocupação demonstrada foi com os usos previstos no plano, que abrange os terrenos da antiga Feira Popular, lotes na Avenida das Forças Armadas e um outro na Avenida Álvaro Pais (num total de cerca de 25 hectares). “Estão previstos 15 mil postos de trabalho para dois mil novos habitantes. Esta mistura de usos não fica aquém das expectativas?”, questionou José Carlos Guinote. “A autarquia está disponível para rever a articulação dos diferentes usos? Está disponível para sacrificar alguns postos de trabalho e aumentar alguma habitação?”
Salgado respondeu que “continuarmos a ter o emprego fora de Lisboa é o mesmo que dizermos às pessoas para saírem de Lisboa”. O autarca disse que há na cidade “um número muito relevante de edifícios de escritórios que estão a passar para habitação” e que as grandes empresas estão necessitadas de espaços amplos, que não existem.
O período de discussão pública desta operação urbanística, que vários deputados gostariam que fosse maior, termina no fim deste mês. A intenção da câmara é pôr os terrenos da antiga Feira Popular à venda em Setembro.