Praça em Benfica e pavilhão em Serralves distinguidos com prémios FAD
Uma projecto para uma praça lisboeta do atelier José Adrião, e um pavilhão efémero para os jardins fundação portuense, do atelier depA, são as principais distinções portuguesas nos prémios FAD de Arquitectura 2018. A Casa da Arquitectura, em Matosinhos, teve duas menções honrosas.
Uma praça em Benfica (Lisboa), do atelier José Adrião, e um pavilhão efémero no Parque de Serralves (Porto), do atelier depA, são as principais distinções portuguesas nos prémios FAD de Arquitectura 2018, atribuídos na quinta-feira à noite numa cerimónia em Barcelona. Os Prémios de Fomento das Artes e do Desenho (FAD), atribuídos anualmente pela associação cultural independente Arquinfad, são considerados os mais importantes prémios dedicados à arquitectura na Península Ibérica.
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Uma praça em Benfica (Lisboa), do atelier José Adrião, e um pavilhão efémero no Parque de Serralves (Porto), do atelier depA, são as principais distinções portuguesas nos prémios FAD de Arquitectura 2018, atribuídos na quinta-feira à noite numa cerimónia em Barcelona. Os Prémios de Fomento das Artes e do Desenho (FAD), atribuídos anualmente pela associação cultural independente Arquinfad, são considerados os mais importantes prémios dedicados à arquitectura na Península Ibérica.
O júri da 60.ª edição dos FAD deu ainda duas menções honrosas à Casa da Arquitectura, com sede em Matosinhos.
A praça Fonte Nova, uma requalificação urbana promovida pela Câmara Municipal de Lisboa no âmbito do programa "Uma Praça em cada Bairro", ganhou na categoria Cidade e Paisagem, enquanto o pavilhão temporário instalado no lago do Parque de Serralves, por ocasião da exibição no Porto de parte da Bienal de São Paulo, venceu na categoria de instalações efémeras, disse ao PÚBLICO o arquitecto português Ricardo Carvalho.
O prémio atribuído à requalificação da Alameda Manuel Ricardo Espírito Santo, em Benfica, destaca a coragem de “assumir todo a complexidade de um lugar”, neste caso um parque de estacionamento sob um viaduto nas franjas da cidade, justifica o júri. Ricardo Carvalho nota que José Adrião partiu da "banalidade e [da] dureza das infraestruturas para as trabalhar com muita inteligência, integrando-as no projecto".
Já no prémio atribuído aos arquitectos Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luís Sobral, do atelier portuense depA, o júri destaca que "o tema do pavilhão tem um lugar de destaque na história da arquitectura”. Embora colocado num lugar de destaque no jardim durante a exposição, o pequeno pavilhão efémero, um volume poliédrico, era capaz de desaparecer na paisagem, uma vez que estava coberto de espelhos no exterior, enquanto no interior se projectavam vídeos da exposição Incerteza Viva da bienal brasileira.
A cidade em transformação
O arquitecto José Adrião sublinhou ao PÚBLICO a importância de receber o prémio em Barcelona, uma cidade onde fez o seu estágio profissional com Josep Llinás no início dos anos 90, mesmo antes da grande transformação provocada pelos Jogos Olímpicos de 1992, e aonde voltou para fazer o mestrado em 2004, no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB).
"Assisti a toda a transformação do espaço público de uma cidade relativamente decadente, e foi aqui que comecei a olhar para esta realidade com mais atenção. A cidade já tem uma experiência acumulada de três décadas e continua a fazer experiências importantes. Não são só as praças assinadas por arquitectos, porque a solução genérica para o espaço público está totalmente afinada e esse ADN evoluiu com a mesma qualidade para a periferia. Os materiais são resistentes, os remates são bons e as coisas são facilmente substituíveis quando se estragam", acrescentou o arquitecto.
Carlos Azevedo, do atelier depA, manifestou também ao PÚBLICO o orgulho da sua equipa pelo prémio conquistado, mais ainda por se tratar de "uma distinção ibérica". "Naturalmente que nos candidatámos porque reconhecemos qualidade no nosso trabalho, mas o prémio não deixou de ser inesperado", acrescentou o arquitecto, ainda a partir de Barcelona e em trânsito para o regresso ao Porto.
O pavilhão efémero foi desmontado do lago no Parque de Serralves há cerca de duas semanas. Mas, apesar de se tratar de "uma peça muito ligada ao local para que foi projectada", nota Carlos Azevedo, os seus autores gostariam de poder reinstalá-la num outro qualquer lugar. "Há adaptações que terão de ser feitas, mas esse é também um desafio interessante, e que nós gostaríamos de enfrentar", acrescenta o arquitecto, dizendo que essa possibilidade está a ser explorada em conjunto com a Ottima, a empresa na Póvoa de Varzim onde o pavilhão foi construído, e que trabalha regularmente com arquitectos e escultores.
Habitação social em Formentera
Na categoria principal de arquitectura foi distinguido um projecto de habitação social para Formentera, nas Ilhas Baleares (Espanha), que destaca um conjunto de moradias em Sant Ferran, promovidas pelo Instituto Balear de Habitação, da autoria de Carles Oliver Barceló, Antonio Martín Procopio, Joaquín Moyá Costa, Alfonso Reina Ferragut e Maria Antònia Garcías Roig. O júri valorizou este projecto, promovido pela administração pública da região, como “um modelo de habitação social de grande qualidade arquitectónica”. Ricardo Carvalho destaca o prémio para estas casas-pátio em banda, que fazem chegar habitação social, um modelo em questão, às periferias europeias. “Quando as visitámos, vimos estas casas habitadas pelas famílias, muito bem enquadradas, com óptimas soluções construtivas, utilizando materiais reciclados e outros que não deixam pegada.”
Uma das menções honrosas para a Casa da Arquitectura foi exactamente na mesma categoria, tendo o júri distinguido a requalificação dos edifícios da fábrica Real Vinícola, um projecto de Guilherme Machado Vaz para a Câmara Municipal de Matosinhos. "É muito gratificante ver o nosso trabalho distinguido entre 287 candidatos, num prémio seríssimo e da grande prestígio a nível ibérico", comenta o arquitecto que já foi júri noutras edições. "Sinto um orgulho especial pelo facto deste projecto ter sido desenvolvido na Câmara Municipal de Matosinhos porque premeia não só a obra pública de promoção autárquica como a competência dos técnicos municipais." O júri destacou o facto de o projecto propor "um lugar de referência que celebra a profissão [de arquitecto] e se converte em exemplo de recuperação e renovação urbana".
O júri principal dos prémios FAD é constituído por Anna Bach (presidente), do atelier de Barcelona Anna & Eugeni Bach, por Ricardo Carvalho e ainda por Pau de Solà-Morales, Cristina Domínguez, Carmen Moreno e Susana Pavón. Foram apresentadas 392 obras a concurso, entre as quais 146 de arquitectura, 143 de interiorismo, 29 de cidade e paisagem e ainda 74 de intervenções efémeras.
O júri atribuiu ainda o prémio de Arquitectura de Interiores à obra Can Picafort, uma recuperação em Maiorca, também nas Baleares, com desenho do atelier TEd'Arquitectes.
A segunda menção honrosa para a Casa de Arquitectura foi atribuída ao catálogo da exposição inaugural da instituição, intitulado Poder Arquitectura e editado pela Lars Müller, com autoria de Jorge Carvalho, Pedro Bandeira e Ricardo Carvalho. O júri do prémio Pensamento e Crítica, formado por Carme Rodríguez, Guillem Carabí e Tomoko Sakamoto, analisou 56 obras e escolheu dois vencedores ex-aequo: La recherche patiente. Le Corbusier 50 years later, de Jorge Torres Cueco e Clara E. Mejía Vallejo, e Thermodynamic Interactions. An Architectural Exploration into Physiological, Material, Terriotorial Atmospheres, de Javier Garcia-German. Com Sérgio C. Andrade