Ordem considera inaceitável obrigar anestesistas a 18 horas semanais de urgência
O bastonário da Ordem dos Médicos defende que a redução de 18 para 12 horas semanais em urgência iria "aumentar a capacidade cirúrgica no país".
A Ordem dos Médicos considera inaceitável que o Ministério da Saúde continue a obrigar os anestesistas a fazer 18 horas semanais de serviço de urgência, impedindo assim que se aumente a capacidade cirúrgica em Portugal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Ordem dos Médicos considera inaceitável que o Ministério da Saúde continue a obrigar os anestesistas a fazer 18 horas semanais de serviço de urgência, impedindo assim que se aumente a capacidade cirúrgica em Portugal.
O bastonário Miguel Guimarães lembra que a reivindicação de se passar das 18 para as 12 horas semanais obrigatórias em serviço de urgência é comum a todos os médicos, mas entende que no caso dos anestesiologistas é particularmente grave e é "má gestão política". "É inaceitável que o Ministério da Saúde continue a fechar os olhos em relação ao número de horas que os anestesiologistas são obrigados a fazer no serviço de urgência", refere Miguel Guimarães em declarações à agência Lusa, a propósito de um estudo que dá conta da falta de mais 500 anestesistas nos hospitais públicos.
O bastonário defende que a redução de 18 para 12 horas semanais em urgência, voltando a cumprir o que estava estabelecido antes da intervenção da troika, iria "aumentar a capacidade cirúrgica no país". As horas que deixassem de cumprir em serviço de urgência passavam a ser cumpridas em bloco operatório. "Não há anestesiologistas para cumprir os tempos dos blocos operatórios. A falta de anestesiologistas tem implicações muito importantes, tornando o Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais frágil", afirmou, lembrando que muitos tempos máximos de resposta garantidos em cirurgia não são cumpridos. Trata-se, para o bastonário, de "um claro exemplo de má gestão política".
Mais de 500 anestesiologistas estão em falta nos hospitais públicos portugueses, apesar de o número de profissionais ter crescido desde 2014, conclui um estudo publicado na Acta Médica Portuguesa. Os Censos de Anestesiologia 2017 foram realizados pelo colégio de especialidade da Ordem dos Médicos e permitem fazer uma comparação com o mesmo estudo feito em 2014.
Segundo o estudo, que analisou a realidade em 86 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), faltam 541 anestesiologistas nos hospitais públicos, quando as necessidades de especialistas são crescentes. Há actualmente 1280 anestesiologistas a trabalhar no SNS, o que dá um rácio de 12,4 profissionais por 100 mil habitantes, quando em 2014 o rácio era de 12,0. Nos Censos de 2014 tinham sido identificados 1.192 anestesiologistas nos serviços públicos, o que dá um crescimento de 2,1%.
Tendo em conta os 262 anestesiologistas a trabalhar apenas em unidades privadas, o rácio de especialistas passa a ser de 15,1 por 100 mil habitantes em 2017 quando em meados de 2014 se situava nos 13,9.