Antiga trabalhadora sexual foi distinguida pela rainha Isabel
Da prisão à Universidade de Oxford, o percurso da activista Catherine Healy foi marcado pela luta pelos direitos laborais para os trabalhadores do sexo.
Nos anos 80, Catherine Healy foi presa durante uma rusga policial na Nova Zelândia a um bordel onde Healy trabalhava. Hoje, com 62 anos, foi reconhecida pela rainha Isabel II com a Ordem de Mérito pelos direitos conquistados para as trabalhadoras do sexo.
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Nos anos 80, Catherine Healy foi presa durante uma rusga policial na Nova Zelândia a um bordel onde Healy trabalhava. Hoje, com 62 anos, foi reconhecida pela rainha Isabel II com a Ordem de Mérito pelos direitos conquistados para as trabalhadoras do sexo.
Em causa está o papel que a activista Catherine Healy desempenhou na conquista de direitos laborais para trabalhadores do sexo, nomeadamente na aprovação de uma lei que garantiu essa igualdade de direitos em 2003. Em 2010 chegou a ser convidada pela Universidade de Oxford para integrar um debate sobre a legalização da prostituição.
Anos antes, em 1987, já depois de ter estado detida, Catherine Healy formou o Colectivo de Prostitutas da Nova Zelândia, um organismo que visava a luta pelos direitos das trabalhadoras do sexo, com o objectivo de descriminalizar o trabalho sexual e tornar a profissão mais segura, quer em termos de violência, quer no que respeita às questões de saúde.
“É muito diferente pensar nisto hoje, onde nos podemos sentar numa mesa como iguais, com polícia e a pensar como tornar o ambiente de trabalho mais seguro, permitindo aos trabalhadores denunciar a violência sexual”, aponta.
“Não me passava pela cabeça que isto alguma vez pudesse acontecer, nem há apenas umas semanas imaginaria que fosse possível”, confessou ao Guardian Catherine Healy. “Creio que é indicativo da mudança na atitude das pessoas e é óptimo sentir esse apoio”, acrescentou a activista, em declarações à BBC.
“Éramos tratadas de uma forma muito desrespeitosa. Precisávamos de encontrar a nossa voz e ser compreendidas”, explicou. “Lembro-me de ler histórias sobre nós, mas os jornalistas não falavam connosco”, conta ao Guardian.
Ainda assim, e apesar de reconhecer que a sua distinção foi “muito significativa”, Catherine Healy vinca que existe muito por fazer. “Ainda existe muito estigma”, afirma a activista. “Acredito que os outros países deviam olhar para a Nova Zelândia. Devíamos ter a visão de não ostracizar e tornar o trabalho sexual mais perigoso”, cita a BBC.
Healy espera que a legalização do trabalho sexual seja um dia reconhecido como um marco semelhante a outros movimentos pioneiros na Nova Zelândia, como o direito ao sufrágio feminino em 1893.