Imigração traz vantagens para a economia, acreditam portugueses
Os imigrantes tornam Portugal um país melhor ou pior para viver? Os portugueses não são particularmente positivos ou negativos. A Islândia é o país onde se manifesta uma atitude mais positiva quanto às vantagens da imigração.
A imigração é boa ou má para a economia? E os imigrantes tornam Portugal um país melhor ou pior para se viver? Face a estas perguntas no European Social Survey, os portugueses são positivos no primeiro caso, ocupando o 7.º lugar em 23 países com uma pontuação de 5,63, numa escala de zero a 10. Mas quanto à segunda questão não se mostram nem particularmente positivos nem especialmente negativos, ocupando o 12.º lugar.
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A imigração é boa ou má para a economia? E os imigrantes tornam Portugal um país melhor ou pior para se viver? Face a estas perguntas no European Social Survey, os portugueses são positivos no primeiro caso, ocupando o 7.º lugar em 23 países com uma pontuação de 5,63, numa escala de zero a 10. Mas quanto à segunda questão não se mostram nem particularmente positivos nem especialmente negativos, ocupando o 12.º lugar.
A Islândia é o país que manifesta uma atitude mais positiva quanto às vantagens da imigração, seja para tornar o país um sítio melhor para se viver (numa escala de zero a 10 os islandeses classificam a entrada de imigrantes com um 7) seja, especificamente, para melhorar a economia (6,67 pontos). Já a Hungria é o país onde menos se acredita que os imigrantes ajudam a economia (com 3,03).
Portugal mantém a posição de 7.º lugar no que diz respeito à vantagem que encontra na imigração para a cultura, mas aí a pontuação sobe para 6,07 (com um máximo de 7,16 na Islândia e um mínimo de 3,46 na Rússia).
Para Alice Ramos, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), da Universidade de Lisboa, que está ligada ao European Social Survey e desenvolveu um estudo a partir dos dados do anterior ESS sobre imigração e refugiados, “o conjunto de perguntas sobre o impacto dos imigrantes na economia, no emprego, no crime, na cultura e, a medida geral 'fazem do país um sítio melhor para viver' medem as percepções de ameaça face aos imigrantes”.
Outros estudos identificaram que “estas percepções de ameaça são justificações” usadas “para manifestar preconceito e racismo”. "Ou seja, uma vez que os valores da democracia e da igualdade condenam a discriminação e o racismo, e a sua manifestação pública, as pessoas que são contra os imigrantes vão utilizar como justificação razões socialmente legítimas e dizer que eles tiram empregos, fazem baixar os salários, abusam da segurança social, etc... Afirmações que, aliás, facilmente são desmontáveis através de dados oficiais”, completa.
Os dados mostram que em Portugal há uma correlação fortíssima entre achar que o país deve aceitar imigrantes (de raça/grupo étnico diferente, neste caso) e achar que a imigração é uma coisa boa para o país. Aqui a congruência não podia ser mais forte. Ou seja, somos dos países que mais se opõe à imigração e esta atitude está muito relacionada com crenças racistas. Mas como estamos a tratar de correlações, a leitura pode ser feita na outra direcção. As pessoas que revelam maior abertura à imigração são as que acham que o país ficou um sítio melhor para se viver.
Em relação aos refugiados, Portugal continua a mostrar atitudes positivas. É dos 23 países aquele onde mais se defende que o Governo “devia ser generoso quando está a avaliar as candidaturas ao estatuto de refugiado”. A grande maioria (72,4%) concorda ou concorda fortemente com esta afirmação – na República Checa essa percentagem é de 11,4%. Ao mesmo tempo, Portugal também foi o país onde o menor número de pessoas discordou daquela afirmação. Os portugueses são ainda dos que mais defendem que os refugiados devem trazer as suas famílias.
Por outro lado, Portugal ficou em 7.º lugar na pergunta sobre se considera que a maioria dos candidatos ao estatuto de refugiado “não está em verdadeiro risco de perseguição no seu país”. Suécia, Noruega e Islândia são os que mais acreditam que os candidatos ao estatuto de refugiado têm, sim, medo de ser perseguidos.
Mas isto não mostra incongruência, segundo Alice Ramos. “Se pensarmos bem, o povo sírio não estava a ser perseguido, no sentido em que os refugiados políticos o são, estava em perigo de vida. A pergunta pode ter sido entendida de uma maneira ligeiramente diferente. Só nesta ronda é que foi feita, por isso não podemos comparar com anos anteriores”, comenta. “De qualquer modo, o nosso pensamento não é necessariamente congruente. Posso achar que há muitos pedidos de pessoas que não são perseguidas e achar que as candidaturas devem ser avaliadas com compreensão."