Líder da AfD resume nazismo a uma "caganita" na história
Alexander Gauland foi a uma reunião da organização juvenil minimizar a importância de Hitler. Há duas semanas viu arquivado um processo em que era visado por incitar ao ódio.
Duas semanas depois de ter visto arquivado um inquérito judicial em que foi visado por incitar ao ódio, o líder parlamentar da AfD no Bundestag, em Berlim, volta fazer uma declaração que o coloca nas bocas do mundo – e na génese de mais uma indignação na Alemanha.
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Duas semanas depois de ter visto arquivado um inquérito judicial em que foi visado por incitar ao ódio, o líder parlamentar da AfD no Bundestag, em Berlim, volta fazer uma declaração que o coloca nas bocas do mundo – e na génese de mais uma indignação na Alemanha.
Alexander Gauland, porta-voz e chefe da bancada deste partido de extrema-direita que em 2017 entrou pela primeira vez no parlamento alemão, foi este sábado a uma reunião da organização juvenil da AfD dizer que "Hitler e os nacional-socialistas são apenas uma caganita de pássaro nos bem sucedidos 1000 anos da história da Alemanha".
Uma afirmação que deixou a secretária-geral dos democratas-cristãos da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, de cabelos em pé.
"Cinquenta milhões de mortos, o Holocausto e a guerra total são, para a AfD e para Gauland, apenas uma caganita de pássaro! É isto que o partido esconde, por trás de uma máscara burguesa", disse a secretária-geral do partido da chanceler Angela Merkel, no Twitter.
A declaração de Gauland foi proferida num encontro da Junge Alternative, em Seebach, no estado federado da Turíngia, no centro do país, noticia a emissora alemã Deutsche Welle.
A AfD obteve 12,6% dos votos nas últimas eleições gerais na Alemanha, um resultado que lhe garantiu entrada no Bundestag, onde passou a ser o maior partido da oposição, com 94 lugares.
Além de ter responsabilidades parlamentares e de ser o porta-voz da AfD, Gauland é também vice-presidente do partido. Advogado e jornalista de profissão, dá voz às posições mais à direita deste partido de protesto que nasceu em 2013 e se define como anti-imigração, nacionalista e eurocéptico – um ideal igualmente reafirmado neste sábado pelo líder da Junge Alternative, Damian Lohr: "A União Europeia tem de morrer para que a Europa possa viver."
A 17 de Maio, o Ministério Público alemão decidira arquivar uma investigação que envolvia Alexander Gauland no crime de incitamento ao ódio, por ter dito, durante um comício em Agosto de 2017 que a então ministra Aydan Ozoguz, vice-presidente do SPD, deveria ser deportada para a Turquia, país natal dos pais da governante.
As autoridades, segundo a Reuters, receberam cerca de 20 queixas contra Gauland, mas oito meses depois acabaram por deixar cair o caso por falta de provas. Além disso, o procurador responsável enquadrou as palavras do então candidato da AfD no direito à liberdade de expressão. Ozoguz tutelava as pastas da Imigração, Refugiados e Integração, tendo sido a primeira mulher muçulmana a integrar o executivo federal.