Trump reage ao palavrão que Samantha Bee chamou a Ivanka
A cómica usou um palavrão para insultar a filha do presidente, o que levou o próprio a questionar a razão pela qual a TBS, o canal que transmite Full Frontal, o talk show de Bee, não a tinha despedido.
No mesmo dia em que 1500 crianças migrantes pura e simplesmente desapareceram nos Estados Unidos, Ivanka Trump, filha de Donald, partilhou nas redes sociais uma fotografia com os seus filhos. Reagindo a esse acto na edição de quarta-feira do seu talk show Full Frontal, Samantha Bee, a cómica que subiu à fama como correspondente do Daily Show de Jon Stewart, chamou à filha do presidente “feckless cunt” (uma expressão que poderá ser traduzida à letra como “cona displicente”, apesar de não ter a mesma carga em português), pedindo-lhe que fizesse algo em relação às políticas de imigração do pai.
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No mesmo dia em que 1500 crianças migrantes pura e simplesmente desapareceram nos Estados Unidos, Ivanka Trump, filha de Donald, partilhou nas redes sociais uma fotografia com os seus filhos. Reagindo a esse acto na edição de quarta-feira do seu talk show Full Frontal, Samantha Bee, a cómica que subiu à fama como correspondente do Daily Show de Jon Stewart, chamou à filha do presidente “feckless cunt” (uma expressão que poderá ser traduzida à letra como “cona displicente”, apesar de não ter a mesma carga em português), pedindo-lhe que fizesse algo em relação às políticas de imigração do pai.
O episódio teve lugar um dia após a cómica – e apoiante de Trump – Roseanne Barr ter comparado Valerie Jarrett, uma assessora de Barack Obama, a um macaco, e de tal comentário, feito no Twitter, ter levado a ABC a cancelar Roseanne, a sua recentemente regressada sitcom. Junto dos seguidores do actual presidente norte-americano, o mesmo que usa outros palavrões sinónimos de “vagina”, a frase de Bee causou uma enorme polémica, apesar de a própria ser mulher e portanto estar teoricamente visada pelo insulto que usou, enquanto Barr utilizou uma comparação que ao longo dos séculos tem servido para desumanizar pessoas negras.
Esta sexta-feira, o próprio Donald Trump reagiu no Twitter, perguntando por que é que ainda não tinham despedido Samantha Bee, que descreveu como uma pessoa “sem talento”, “pela linguagem horrível utilizada no programa”, adicionando ainda que este tem “más audiências”. Acusou as televisões de dualidade de critérios, mas que não fazia mal, tendo em conta que o seu lado “estava a ganhar” e continuará a fazê-lo “por muito mais tempo”. Traduzindo: um presidente norte-americano sugere a uma empresa privada que despeça uma funcionária por não ter gostado do que ela disse.
Sarah Huckabee Sanders, a assessora de imprensa da Casa Branca, já tinha afirmado na quinta-feira, num comunicado citado pelo site The Wrap, que “a linguagem utilizada por Samantha Bee” era “vil e cruel” e que o “silêncio colectivo da esquerda e dos seus aliados dos media” era “deplorável”. Mais: “Os comentários nojentos dela e do programa não são adequados para serem difundidos, e os executivos da Time Warner e da TBS têm de demonstrar que tal profanidade explícita sobre membros femininos desta administração não será admitida na sua estação de televisão.”
Entretanto, a própria Bee pediu desculpa no Twitter, admitindo que o palavrão foi “inapropriado e e indesculpável”, e dizendo-se arrependida por ter ultrapassado os limites. A TBS, o canal de televisão de Fully Frontal ao qual Sanders se tinha referido, também respondeu com um tweet, sublinhando que a apresentadora tinha tomado a decisão certa ao pedir desculpa.
Depois de irem para o ar, os segmentos do programa de Bee costumam ser disponibilizados no YouTube, mas neste caso acabaram por ser retirados.
Esta polémica surge pouco mais de um mês após Michelle Wolf, que curiosamente também foi correspondente do Daily Show (e que entretanto estreou o seu próprio talk show, The Break), ter sido criticada na sequência de uma piada sobre os olhos de Sarah Huckabee Sanders.