Paris rende-se à arte de Vhils
Só na inauguração estiveram 4 mil pessoas. Paris descobre Vhils no centro cultural Centquatre. O artista diz-se extremamente satisfeito com os resultados.
Não foi a primeira vez de Alexandre Farto, ou seja Vhils, em Paris, mas dir-se-ia que é como se fosse, pelo impacto mediático e de público que as duas exposições que ali inaugurou no último sábado, 26 de Maio, estão a ter na capital francesa. As duas exposições são Fragmentos Urbanos, patente até 29 de Julho, no conhecido Centro Cultural Centquatre-Paris, uma reflexão sobre a condição humana na cidade, e Escombros, na Galeria Danysz, que completa a mostra de maior envergadura, até 16 de Junho. Na inauguração estiveram 4 mil pessoas, que se aglomeraram em longas filas para poder entrar.
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Não foi a primeira vez de Alexandre Farto, ou seja Vhils, em Paris, mas dir-se-ia que é como se fosse, pelo impacto mediático e de público que as duas exposições que ali inaugurou no último sábado, 26 de Maio, estão a ter na capital francesa. As duas exposições são Fragmentos Urbanos, patente até 29 de Julho, no conhecido Centro Cultural Centquatre-Paris, uma reflexão sobre a condição humana na cidade, e Escombros, na Galeria Danysz, que completa a mostra de maior envergadura, até 16 de Junho. Na inauguração estiveram 4 mil pessoas, que se aglomeraram em longas filas para poder entrar.
Esta quarta-feira, em declarações ao PÚBLICO, e em jeito de balanço, Alexandre Farto falava de uma operação dura, mas também da satisfação pelo trabalho desenvolvido. “Foram três a quatro semanas de montagem muito intensas, mas o resultado foi extremamente satisfatório, até porque o espaço, o centro cultural e todo o projecto Centquatre é extremamente estimulante e foi óptimo operar ali.”
Pela ambição, envergadura e pelo tipo de trabalhos que são mostrados em espaço museológico, Alexandre Farto considera que a exposição do Centquatre-Paris, acaba por constituir uma continuação de Dissecção (2014), que esteve patente no Museu da Electricidade em Lisboa, e Debris (2016), da Fundação de Arte Contemporânea em Hong Kong, embora, ao mesmo tempo, reflicta, “tenha sido muito bom poder agora mostrar uma série de trabalhos novos em Paris, como uma instalação de grandes dimensões, construída em pirâmide, com portas e sobreposição de rostos e padrões geométricos, ou uma série de trabalhos em vídeos novos ou uma outra escultura de grande envergadura, em esferovite, de maiores dimensões em relação à que já havia apresentado em Portugal."
As duas exposições constituem a continuação do trabalho de Vhils sobre os modelos de desenvolvimento globais na sua relação dinâmica com as identidades locais ou as conexões de interdependência entre pessoas e o ambiente que as rodeia. É como se a cidade entrasse no Centquatre, sendo aí desconstruída através de múltiplas perspectivas, com retratos humanos cruzando-se com automóveis, electrodomésticos, objectos perdidos, todos pintados de branco, com o visitante a ver-se dentro da própria obra ao ser filmado e reflectido em diversos ecrãs, suscitando-se diferentes leituras.
Em torno do átrio, seis salas acolhem várias obras, com destaque para um filme composto por vídeos recolhidos em sete cidades, entre elas Paris. O filme é projectado em câmara lenta num ecrã panorâmico, num movimento de desaceleração contrário à velocidade e vertigem da cidade. Esculturas de grandes dimensões em esferovite, rostos ou pilhas de cartazes que servem de suporte a retratos esculpidos são outros elementos que ressaltam na mostra.
Em Paris, ao longo dos últimos anos, o artista já tinha apresentado diversas exposições individuais e esteve também presente em várias mostras colectivas, mas esta acaba por ser a sua maior apresentação na capital francesa, possibilitando que o seu trabalho esteja a ser descoberto por um público mais alargado e heterógeneo.