Os desafios da temporada do Centro Cultural de Belém nos seus 25 anos

Ciclos interdisciplinares sobre Shakespeare ou a solidão e os desafios feitos a vários criadores (João Botelho, Teatro Praga, Pinho Vargas, Teresa Villaverde ou João Salaviza) marcam a programação 2018/19 do CCB, na altura em que o módulo 4 e 5 irão ser concluídos.

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Será uma temporada 2018/19 marcada por vários eixos programáticos, como a celebração dos 25 anos do Centro Cultural de Belém (CCB), ciclos interdisciplinares sobre William Shakespeare, os mistérios do cérebro ou a solidão, e também com muitos desafios endereçados a diversos criadores.

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Será uma temporada 2018/19 marcada por vários eixos programáticos, como a celebração dos 25 anos do Centro Cultural de Belém (CCB), ciclos interdisciplinares sobre William Shakespeare, os mistérios do cérebro ou a solidão, e também com muitos desafios endereçados a diversos criadores.

Nesta terça-feira, em conferência de imprensa, foi apresentada a programação do CCB para o próximo ano. Pelo meio ficou a saber-se que em 2019 se iniciarão os trabalhos de conclusão do complexo — os módulos 4 e 5 — e serão realizadas algumas intervenções localizadas que apostam na conservação e requalificação do edifício e dos equipamentos.

Na programação é a enorme diversidade que, naturalmente, sobressai. Isso mesmo foi vincado pelo presidente da instituição, Elísio Summavielle, que fez questão de destacar alguns acontecimentos. Foi isso que aconteceu com a Conferência Europeia do Jazz (13 a 15 de Setembro), que vai juntar inúmeros agentes da indústria da Europa ligados ao jazz, para conferências, encontros e concertos, como o do saxofonista americano Brandford Marsalis. Foi também apontada a exibição de clássicos do cinema — “as pessoas têm saudades das grandes salas”, disse Summavielle — no grande auditório, com destaque para a exibição, no decorrer de um só dia, dos três Padrinhos realizados por Coppola (17 Março).

O programa dos 25 anos do CCB, depois do Open Day de 21 de Março e da exposição de fotografias, propõe momentos de celebração ao longo do ano, estando projectada uma Festa na Praça, a 10 de Julho, com vários DJ improváveis (do cineasta João Botelho ao encenador André E. Teodósio), ou uma Mozarfest (28 Outubro), num programa do Schostakovich Ensemble, ou um concerto pela Orquestra Sinfónica Portuguesa (25 Novembro), dirigido pela maestrina Joana Carneiro, numa obra encomendada ao compositor Luís Tinoco, para além de um espectáculo em torno de Fausto (5 a 8 Dezembro) pela Mala Voadora.  

Quem também atravessará a temporada será William Shakespeare, com o Teatro Praga a encenar Timão de Atenas (5 a 8 Abril), ou Sónia Baptista a propor uma conferência-performance (6 Abril), onde deambulará por algumas das suas obras. Um ciclo de cinema, conferências, performances, música de câmara e concertos — inseridos nos Dias da Música em Abril — são outras das possibilidades de leitura sobre a obra de Shakespeare.  

A temporada sinfónica totaliza 15 concertos, disse Luísa Taveira, do conselho de administração do CCB, que destacou o concerto de abertura no dia 30 de Setembro, pela La Verdi, a Orquestra Sinfónica de Milão, dirigida pelo maestro Nuno Côrte-Real, e o evocativo do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18) pela orquestra Melleo Harmonia, sob a direcção de Joaquim Ribeiro, sendo solistas a violoncelista Irene Lima e o tenor Luís Rodrigues, como narrador.

O ciclo sobre a solidão inclui, entre outros, o concerto Six Portraits of Pain ( a 24 de Março), de António Pinho Vargas, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), sob a direcção do maestro Pedro Amaral. Na ocasião será estreada uma sinfonia (intitulada Subjetiva) de António Pinho Vargas, uma encomenda do CCB, tendo sido desafiada a cineasta Teresa Villaverde para propor uma criação cinematográfica a partir da peça Six Portraits of Pain (2001).

No campo da ópera, Luísa Taveira, recordou a presença da meio-soprano Vesselina Kasarova (9 Novembro), com um programa consagrado aos heróis da ópera barroca. Já o programador André Cunha Leal recordou dois recitais para piano de Artur Pizarro (um deles, acompanhado por Raúl da Costa) em dias sucessivos (13 e 14 Outubro).

No fado haverá muito por onde escolher, com, entre outros, Camané (11 de Outubro) ou Celeste Rodrigues (21 de Março), o mesmo sucedendo com outros géneros pop como Batida (26 de Outubro) ou Surma (1 de Março). Entre 20 e 22 de Dezembro, um desafio endereçado a Gisela João, distante do universo fadista: um concerto de Natal inspirado no songbook americano.

Inserido no ciclo interdisciplinar sobre os mistérios do cérebro decorrerá o espectáculo O Pequeno Concerto dos Medos (8 a 10 Março), congregando Sérgio Godinho, o filho e cineasta André Godinho e o pianista Filipe Raposo, enquanto um outro ciclo dedicado à temática da solidão reunirá conferências, dança, música ou teatro. O cineasta João Botelho foi desafiado a encenar A Criada Zerlina, de Hermann Broch (21 de Fevereiro a 6 de Março), com cenografia do artista plástico Pedro Cabrita Reis, enquanto Ricardo Aibéo fará o mesmo com A Boda, de Brecht (23 a 28 de Março), com o elenco do agora desaparecido Teatro da Cornucópia.

Um outro cineasta, João Salaviza, foi estimulado a transportar para palco o universo de um dos seus filmes, no espectáculo Altas Cidades das Ossadas (16 e 17 de Março), em que recriará o ambiente do bairro da Pedreira dos Húngaros com o rapper Karlon em evidência. Na dança, o bailarino e coreógrafo americano Lil Buck, provindo do universo da dança de rua, mostrará What Moves You (15 a 17 de Novembro), conectando movimentos livres com a música de alguns compositores clássicos como Bach.

No espaço da Garagem Sul, dedicado à arquitectura, ao celebrar os seus 25 anos, o CCB acolhe uma exposição retrospectiva da obra do italiano Vittorio Gregotti (13 de Novembro a 23 de Janeiro), um dos arquitectos por detrás da sua construção. O CCB abriu portas a 21 de Março de 1993, mas só no próximo ano se iniciarão os trabalhos de conclusão do complexo, com a construção dos módulos 4 e 5, a zona poente, onde se instalará um hotel e uma galeria comercial. Como recordou Summavielle, com o encerrar desse processo, as esperanças para se obter para o CCB “uma receita que lhe garanta mais sustentabilidade e mais ambição na sua missão estatutária” poderão ser consideravelmente reforçadas.