Na Maria Barroso, acabaram as refeições em pratos de plástico
Desvio de energia eléctrica para a máquina de lavar permite aos alunos comerem com pratos de loiça e talheres metálicos.
Com o ano lectivo quase a acabar, os alunos da Escola Básica Maria Barroso sentiram pela primeira vez na semana passada o prazer de almoçar em pratos de loiça e com talheres de metal. A câmara de Lisboa conseguiu finalmente pôr a máquina de lavar loiça a funcionar e as refeições deixaram de ser servidas em cuvetes de plástico, como até agora.
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Com o ano lectivo quase a acabar, os alunos da Escola Básica Maria Barroso sentiram pela primeira vez na semana passada o prazer de almoçar em pratos de loiça e com talheres de metal. A câmara de Lisboa conseguiu finalmente pôr a máquina de lavar loiça a funcionar e as refeições deixaram de ser servidas em cuvetes de plástico, como até agora.
A escola, inaugurada há um ano, recebeu os primeiros alunos em Setembro sem ter a potência eléctrica necessária para cozinhar ou lavar pratos. Por isso, durante todo este ano, as 120 crianças do jardim-de-infância e do primeiro ciclo comeram em cuvetes fornecidas por uma empresa, com talheres e copos também de plástico. Neste período ter-se-á gasto qualquer coisa como meia tonelada de plástico, de acordo com as contas da associação de pais.
“Esta mega cozinha, de grande qualidade, não pode funcionar porque não tem potência”, reconheceu o vereador da Educação esta segunda-feira numa visita à escola. O estabelecimento ainda está a ser alimentado por um ramal de electricidade provisório e a câmara decidiu “desviar parte da energia desse ramal para que a máquina de lavar loiça pudesse funcionar”, explicou Ricardo Robles.
A instalação de um quadro eléctrico na escola depende de um novo posto de transformação, cuja instalação “depende da EDP”, disse Robles. No início de Abril, quando o PÚBLICO noticiou o caso, a expectativa do eleito do Bloco de Esquerda era que a obra estivesse acabada até ao fim das aulas. “Eles já nos deram várias datas e têm incumprido”, admitiu o vereador, ainda assim confiante de que “no início do próximo ano lectivo a cozinha esteja a funcionar”.
Antes de se sentar à mesa para comer atum com feijão-frade e brócolos, o vereador constatou que pôr a máquina a funcionar “é uma solução de recurso para um problema que devia ter sido resolvido de início”. Era suposto a Maria Barroso ter confecção local e até um projecto de alimentação saudável, mas, com a cozinha parada, esse plano tem-se limitado a apenas alguns workshops.
Resolvido o problema da Maria Barroso, continuam a ser servidas cerca de cinco mil refeições em pratos de plástico nas escolas lisboetas. “Até ao fim do ano” a câmara quer acabar com essa situação, afirmou Ricardo Robles. E o passo seguinte é implementar a confecção local em todas.
Biblioteca às moscas
Já que Ricardo Robles estava por ali, a presidente da associação de pais e o director da escola aproveitaram para alertar para mais situações de carência. A campainha, por exemplo, só toca no rés-do-chão e é frequente não estar lá ninguém para abrir a porta. E a biblioteca tem apenas meia dúzia de livros.
“Estamos à espera que venha uma tranche do Ministério da Educação para livros e jogos”, refere João Leonardo, director do agrupamento de escolas da Baixa/Chiado. A biblioteca da Maria Barroso não entrou na Rede de Bibliotecas Escolares porque tem uma área muito pequena e, por isso, todo o material tem de ser comprado com o orçamento próprio do agrupamento. O mesmo sucede com o ginásio, também despido de equipamentos. “Não nos podem pedir para equipar sem nos darem o dinheiro”, diz João Leonardo.