Pedro Nuno Santos: “Não é com o PSD e com o CDS que vamos proteger” o Estado social

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares foi dos discursos mais aplaudidos do congresso do PS. Elevou o tom da crítica contra PSD e CDS.

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Pedro Nuno Santos Rui Gaudêncio

Partindo de três perguntas: "Quem somos?", "Quem representamos?" e "Qual o papel do Estado?", Pedro Nuno Santos fez em sete minutos o seu guião do que deve ser o caminho do partido. E foi claro. O caminho a seguir não é nem pode ser com a direita, se o objectivo for o de defender a "maior realização da humanidade política", o "estado social".

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Partindo de três perguntas: "Quem somos?", "Quem representamos?" e "Qual o papel do Estado?", Pedro Nuno Santos fez em sete minutos o seu guião do que deve ser o caminho do partido. E foi claro. O caminho a seguir não é nem pode ser com a direita, se o objectivo for o de defender a "maior realização da humanidade política", o "estado social".

"Não é com o PSD ou com o CDS que nós vamos proteger o sistema público de pensões, o mesmo com a educação e com a saúde. Isto não é populismo, não é radicalismo, é ser socialista", defendeu no final de um discurso que empolgou uma plateia.

O socialista, que tem defendido em artigos de opinião e em entrevistas o que qur para o partido até começou por dizer que o debate ideológico se é mais à esquerda, mais ao centrou ou à direita "não interessa aos portugueses". O que interessa, disse é que o partido saiba o que é e o que defende. E para Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, o PS é um partido social-democrata que encontra soluções para os problemas "entre todos". Ao contrário do que é o PSD e o CDS que "têm uma ideia individualista da sociedade".

E por isso defende que o sucesso do Governo actual é uma vitória "contra o PSD e o CDS. "Não foi com eles, foi apesar deles". 

Perante esta conclusão passa para a segunda pergunta que quer ver respondida: "Quem representamos?", uma pergunta a que tentou dar resposta no artigo que escreveu no PÚBLICO. "Não fomos criados para representar a elite", começou por dizer. "Não se pode esquecer quem estece na origem e criação destes partidos [sociais-democratas. São milhares e milhões de portugueses que trabalham 40 ou mais horas e ganham mal. Ganham pouco!".

Numa resposta a Augusto Santos Silva, que em entrevista ao Expresso falou da ideia que o "povo de esquerda" não cabe no PS, Pedro Nuno defendeu. "O PS só pode, só merece e so manterá uma maioria se não deixar de falar para este povo e é o povo que esteve sempre na base de partidos como o nosso", disse.

Já para responder à pergunta de que tipo de Estado quer o PS, Pedro Nuno remete para a sua moção sectorial - que será apresentada amanhã -, mas quis deixar preto no branco que a ideia que tem do Estado é que este tem de ter um papel predominante para garantir os serviços necessários aos portugueses: "É precisamente o Estado o instrumento colectivo para garantir a liberdade - de todos e não de alguns. O Estado é o instrumento de desenvolvimento econónico, para que tenha uma economia avançada e que pague melhores salários". "É de liberdade que falamos", disse.

Nas respostas a estas três perguntas nunca entra uma colaboração ou compromisso com os partidos da direita. Pedro Nuno foi, aliás, o primeiro a chegar ao palco a defender vincadamente as diferenças para estes dois partidos. " Não contamos com o PSD e o CDS para proteger os trabalhadores", defendeu.