A arte de ter sorte nos momentos certos

Real Madrid consolidou o estatuto de rei da Europa, conquistado a 13.ª Champions do currículo e a terceira consecutiva. A final de Kiev teve a sua dose de drama e um golo memorável.

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O Real Madrid acredita que a Liga dos Campeões é a “sua” competição e faz toda a gente acreditar que isso é verdade, incluindo os adversários. Foi o que aconteceu durante toda a época e foi o que aconteceu neste sábado, em Kiev. Mesmo a jogarem no risco e no limite, os “merengues” transportaram para o campo uma autoconfiança inabalável e, num misto de sorte e arte, conquistaram o seu 13.º título europeu, o terceiro consecutivo e o quarto em cinco anos, com um triunfo por 3-1 sobre um Liverpool que ficou sem Salah antes da meia-hora e que teve um matraquilho na baliza chamado Loris Karius.

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O Real Madrid acredita que a Liga dos Campeões é a “sua” competição e faz toda a gente acreditar que isso é verdade, incluindo os adversários. Foi o que aconteceu durante toda a época e foi o que aconteceu neste sábado, em Kiev. Mesmo a jogarem no risco e no limite, os “merengues” transportaram para o campo uma autoconfiança inabalável e, num misto de sorte e arte, conquistaram o seu 13.º título europeu, o terceiro consecutivo e o quarto em cinco anos, com um triunfo por 3-1 sobre um Liverpool que ficou sem Salah antes da meia-hora e que teve um matraquilho na baliza chamado Loris Karius.

Esta não foi a melhor noite de Cristiano Ronaldo na Champions, ele que marcara 15 golos até esta final, mas não foram precisos golos do português. Os outros dois elementos da BBC fizeram estragos, sobretudo Gareth Bale, que entrou para a última meia-hora e fez dois golos, um com muita arte e outro com muita sorte. Mas o português vai mesmo juntar-se à selecção que estará no Mundial da Rússia como pentacampeão europeu. E o que dizer de Zidane? Três títulos europeus em duas épocas e meia. Já tem mais que Alex Ferguson e José Mourinho, e já está ao nível de Bob Paisley e Carlo Ancelotti.

O penálti ganho no último minuto frente à Juventus, o passe errado de Rafinha no jogo com o Bayern, foram momentos que marcaram o percurso “merengue” rumo à final e que têm paralelo noutros que aconteceram na capital ucraniana. A lesão de Mohamed Salah aos 30’ e os dois “frangos” de Karius foram os três momentos do jogo que deitaram abaixo o Liverpool e foram aproveitados por um rival mais que habituado a ganhar. Não é só sorte, claro. Também tem muita arte e engenho.

O Liverpool era um pretendente ao trono, sobretudo pelo seu trio fantástico no ataque, composto por Roberto Firmino, Sadio Mané e Mohamed Salah, o egípcio goleador e dado como o maior candidato a furar o domínio de Ronaldo e Messi nas discussões sobre quem é o melhor do mundo. E enquanto Salah esteve em campo, o Liverpool foi aquilo que mostrara durante a época toda (o Manchester City que o diga), pressionante, vertiginoso e sempre a espreitar a baliza do Real. Teve uma grande oportunidade para marcar aos 23’, num remate de Arnold que Navas deteve com dificuldade.

Depois, aos 30’, Salah embrulhou-se com Sergio Ramos (que não sai muito limpo deste lance), caiu mal e já não se levantou — e veremos se não falha o Mundial. Saiu de campo com uma lesão no ombro esquerdo e, com ele, saiu a alma deste Liverpool. Os “reds” continuaram a jogar com 11 (entrou Lallana), mas já não era a mesma coisa. E o Real Madrid aproveitou. Os “merengues” também tiveram a sua contrariedade, com a lesão de Carvajal (tal como acontecera na final de 2017, em Cardiff) a tirá-lo do jogo, mas foi um azar bem preenchido pelo multiusos Nacho. E antes do intervalo a bola entrou na baliza do Liverpool, numa recarga de Benzema após um primeiro cabeceamento de Ronaldo desviado por Karius. Mas havia fora-de-jogo.

Veio o intervalo e, na segunda parte, o jogo foi um prolongamento da primeira. Isco atirou à barra aos 48’ após um erro de Lallana, mas, três minutos depois, outro erro de um jogador do Liverpool teria consequências bem mais sérias. Karius foi até ao limite da área para travar um ataque do Real e quis repor imediatamente a bola em jogo, mas não se apercebeu da proximidade de Benzema e a bola acabou na sua baliza. O Liverpool reagiu bem e rapidamente anulou o erro do guarda-redes, com Mané a empatar aos 55’ na sequência de um canto e após um desvio de Lovren.

À hora de jogo, Zidane resolve lançar em campo Gareth Bale, o galês que tem perdido protagonismo entre os “galácticos” desde que custou 100 milhões de euros, em 2013. E pouco depois, aos 64’, foi o protagonista do momento mais espectacular do jogo. Num cruzamento com o pé direito de Marcelo, Bale, de costas para a baliza, fez o mesmo que Ronaldo fizera à Juventus, marcou um golo de bicicleta, indefensável para Karius. 

A equipa de Jürgen Klopp voltou a responder bem e Mané atirou ao poste aos 70’, mas já não teve resposta para o que aconteceu aos 84’. De fora da área, Bale atirou uma bomba de média intensidade na direcção de Karius, mas o alemão deixou-a fugir para o interior da baliza e assim ficava garantida mais uma taça para o museu do Real. Ronaldo ainda teve uma oportunidade de deixar marca no último minuto, mas nem conseguiu rematar porque houve uma curta invasão de campo. Azar momentâneo e sem consequências do português na noite em que o 13 foi o número da sorte para o Real.