Mantegna e Bellini, dois mestres do Renascimento em família
Veneza, Londres e Berlim celebram de forma inédita o encontro de dois dos grande pintores dos séculos XV e XVI. E mostram como se contaminaram.
Em Itália o encontro – e a comparação – dá-se já, a partir de duas obras que representam o mesmo episódio bíblico: a apresentação do Menino Jesus no templo. De um lado Andrea Mantegna, do outro Giovanni Bellini. Pela primeira vez desde que foram pintadas, há mais de 500 anos, as versões de um e de outro estão reunidas no Museu Querini Stampalia, em Veneza (até 1 de Julho), seguindo depois para Londres (National Gallery, inauguração a 1 de Outubro) e para Berlim (Staatliche Museen, a partir de 1 de Março de 2019), onde integrarão uma exposição mais alargada.
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Em Itália o encontro – e a comparação – dá-se já, a partir de duas obras que representam o mesmo episódio bíblico: a apresentação do Menino Jesus no templo. De um lado Andrea Mantegna, do outro Giovanni Bellini. Pela primeira vez desde que foram pintadas, há mais de 500 anos, as versões de um e de outro estão reunidas no Museu Querini Stampalia, em Veneza (até 1 de Julho), seguindo depois para Londres (National Gallery, inauguração a 1 de Outubro) e para Berlim (Staatliche Museen, a partir de 1 de Março de 2019), onde integrarão uma exposição mais alargada.
Essa exposição, que colocará em diálogo a obra destes dois mestres do Renascimento de forma sistemática e inédita, promete demonstrar que partilham uma série de referências – a inclinação para temas clássicos e o interesse pela arquitectura, por exemplo – e que exerceram uma influência duradoura um sobre o outro, mesmo depois de Mantegna ter trocado Veneza por Mântua, em 1460.
Os dois homens começaram por ser colegas em Veneza, tornando-se amigos e mais tarde cunhados. Mantegna (c.1431-1506), originário de Pádua, casou com a irmã de Bellini (c.1430-1516), Niccolosa, em 1453. Acreditam os historiadores que as duas pinturas agora reunidas no museu italiano podem ser vistas, também elas, como um assunto de família, já que Mantegna escolhe representar-se com a mulher (as duas figuras nas extremidades da cena) e Bellini faz o mesmo, sendo que a sua versão também retrata a irmã e o seu marido. Como se isto não bastasse, ambos escolhem dar a São José (ao centro) o rosto do patriarca dos Bellini, Jacopo, também ele pintor.
Além de juntar as duas versões de Apresentação no Templo, a exposição de Londres e Berlim vai ainda mostrar lado a lado as interpretações que os dois artistas fizeram de Agonia no Horto.
As inovações “brilhantes” de Mantegna no que toca à composição e o seu fascínio pela Antiguidade causaram um forte impacto em Bellini, ao passo que o estilo do segundo influenciou o trabalho do primeiro, escreve o museu alemão no seu site. Embora não tenham trabalhado perto um do outro durante muito tempo, os dois pintores continuaram, até ao fim, a trocar temas e técnicas. Uma troca que se tornará evidente nas pinturas, nos desenhos e nas gravuras expostas.