Governo aprovou venda da CGD em Espanha e África do Sul

Em causa está a venda do Banco Caixa Geral, em Espanha, e do Mercantile Bank, na África do Sul.

Foto

O Governo aprovou hoje os cadernos de encargos com as condições para a venda dos bancos da Caixa Geral de Depósitos na África do Sul e em Espanha, segundo comunicado de Conselho de Ministros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Governo aprovou hoje os cadernos de encargos com as condições para a venda dos bancos da Caixa Geral de Depósitos na África do Sul e em Espanha, segundo comunicado de Conselho de Ministros.

“Depois de terem sido recolhidas as intenções dos potenciais interessados em cada uma das operações, o Governo aprova e dá a conhecer as condições específicas a que devem obedecer as vendas directas”, lê-se no comunicado, em que o Governo acrescenta que a próxima fase é a “selecção dos interessados que passam à fase seguinte dos referidos processos de alienação”.

“Com a aprovação desta resolução, o Governo conclui mais um importante passo no sentido da execução do calendário dos compromissos assumidos no âmbito do plano estratégico da CGD, subjacente ao plano de recapitalização garantido pelo Estado”, refere ainda o comunicado.

A redução da operação da CGD fora de Portugal (nomeadamente Espanha, França, África do Sul e Brasil) foi acordada em 2017 com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público.

Em 10 de Maio, na apresentação dos resultados da CGD relativos ao primeiro trimestre de 2018, o presidente executivo da CGD disse que houve “ofertas competitivas” para a compra dos bancos na África do Sul e Espanha e que havia uma “lista de concorrentes que passarão à fase final” e que caberá ao Governo analisar.

“O que entendemos é que se o Governo aceitar, passa à segunda fase de aceitar propostas vinculativas”, afirmou Paulo Macedo.

Quanto à alienação do Banco Caixa Geral – Brasil, acordado também entre o Estado português e Bruxelas, Macedo considerou uma “situação mais difícil”, devido à situação política naquele país e por ser uma operação mais pequena.

Por fim, sobre a operação da CGD em França, Paulo Macedo afirmou querer mantê-la e adiantou que está a negociar isso com as autoridades, apesar de ter sido também acordada a sua venda, mas acrescentou que isso só acontecerá se a “operação for sustentável, rentável e solidária” com os esforços feitos pelo banco, referindo que, “independentemente dos interesses dos trabalhadores em França, todo o ajustamento da Caixa está a recair em Portugal e não em França”.

Em Abril deste ano foi aprovada uma "greve ilimitada" na sucursal da CGD em França, um movimento apoiado pelos sindicatos Force Ouvrière e CFTC, que querem respostas sobre o futuro da CGD naquele país, onde há 48 agências e mais de 500 trabalhadores.

Hoje a intersindical FO-CFTC acusou a CGD em França de ter ameaçado os trabalhadores em greve de avançar para tribunal e fonte oficial do banco público admitiu que a CGD poderá agir judicialmente “caso se torne necessário”.

A Caixa Geral de Depósitos teve lucros 68 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que compara com prejuízos de 38,6 milhões de euros do mesmo período de 2017, sendo que 30 milhões de euros vieram da actividade doméstica e 38 milhões de euros da actividade internacional.

Quanto aos contributos da actividade internacional, o BNU Macau contribuiu com 15 milhões de euros, a sucursal de França com sete milhões de euros, o BCI Moçambique com sete milhões de euros e o Banco caixa Geral (Espanha) com 9,3 milhões de euros. Para a África do Sul não foram desagregados resultados.

Em 2017, a CGD encerrou as sucursais de Londres, ilhas Caimão, Macau Offshore e Zhuhai (na China), segundo informação do banco.

Sobre a venda do banco na África do Sul, em Março de 2017, quando essa intenção foi conhecida, representantes da comunidade portuguesa disseram à Lusa que essa decisão revela que Portugal somente se interessa pelas remessas dos emigrantes. Na África do Sul vivem cerca de 400 mil portugueses e luso-descendentes.