Serralves em Festa vai continuar a transpor fronteiras e desafiar a gravidade
Festival de cultura contemporânea celebra 15.º aniversário repetindo o modelo 50 horas non-stop. Decorre de 1 a 3 de Junho, com uma “parada de pintura moderna” na véspera.
Há uma aposta forte na música mas também a ambição de desafiar a gravidade através do circo contemporâneo na programação da 15.ª edição do Serralves em Festa, a decorrer durante 50 horas non-stop entre 1 e 3 de Junho, em diferentes lugares do Grande Porto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Há uma aposta forte na música mas também a ambição de desafiar a gravidade através do circo contemporâneo na programação da 15.ª edição do Serralves em Festa, a decorrer durante 50 horas non-stop entre 1 e 3 de Junho, em diferentes lugares do Grande Porto.
O lema para a edição deste ano, cujo programa foi apresentado esta terça-feira no parque de Serralves, continua a ser “transpor fronteiras” – o mesmo que superintende a programação geral do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS) para 2018, explicou a presidente da administração da fundação. “Vamos continuar a transpor fronteiras, continuar a sair dos muros de Serralves e chegar mais perto de todos”, acrescentou Ana Pinho, lembrando que o desafio lançado no ano passado de estender a realização do festival por três dias “foi claramente vencido”.
Este ano, tudo leva também a crer que o Serralves em Festa vai ultrapassar a “fronteira” do milhão e meio de entradas acumuladas ao longo de 15 edições, tendo em conta que em 2017 se atingiu o número 1.439.801 de visitantes. Mais ainda com o alargamento do mapa do festival a lugares novos do Grande Porto, chegando este ano também à marginal de Matosinhos. Aqui, como no Aeroporto Francisco Sá Carneiro e na Baixa do Porto, a 31 de Maio, numa espécie de “aquecimento”, decorrerá a performance deambulatória La Parade Moderne, um misto de circo e dança contemporânea com que a dupla francesa Clédat & Petitpierre, acompanhados por músicos e performers portuenses, reconstituem uma espécie de desfile de Carnaval com uma “obra escultórica e deambulatória livremente inspirada em grandes nomes da pintura da primeira metade do século XX: de Magritte a Malévitch, de Léger a De Cririco", explicou João Ribas.
“A nossa ideia de transpor fronteiras não é só em termos geográficos, mas de aproximação de públicos com a criação contemporânea e também das artes. É um circo que vai reorientar a experiência do visitante, com a ideia de destacar várias práticas artísticas que vão para além da expectativa”, explicou o director do MACS, que pela primeira vez apresentou o programa do Serralves em Festa nessa qualidade.
Mas será a música o prato forte do programa deste ano. E a própria direcção artística de Serralves elencou uma dúzia de bandas e espectáculos musicais na apresentação do evento. A começar pelo regresso do britânico Mark Fell, desta vez com o projecto A Carnatic Paradigm/ The Algebra of Listening, com três concertos na Casa: com a violinista indiana Nandini Muthuswamy, com o compositor e violoncelista italiano Sandro Mussida e com o portuense Drumming – Grupo de Percussão, de Miquel Bernat.
Também no primeiro dia do festival, João Ribas destacou a apresentação do trio nórdico de música experimental Fire!, que vem “reinventando o free jazz, o rock psicadélico e a música industrial do final do século XX”.
No dia 2, a banda londrina 23 Skidoo trará sons inesperados ao Porto, casando o imaginário poético de Aleister Crowley e de William S. Burroughs com os tambores do Burundi e os sons africanos de Fela Kuti. Já a norte-americana Jlin traz o seu novo disco Black Origami (2017) – que foi incluído em várias listas de "disco do ano" na imprensa mundial da especialidade – com uma electrónica “repleta de ritmos híper entrecortados que revelam uma tensão entre a raiva e a euforia”.
Do lado do jazz, o veterano etíope Hailu Mergia, exilado nos EUA e recém-descoberto em Washington, onde trabalha como taxista, apresenta no Prado, com o seu trio, o concerto Lala Belu.
Música portuguesa e ecologia
Mas haverá também mais música portuguesa nos diferentes palcos do Serralves em Festa, nomeadamente, no último dia, com a dupla António Jorge Gonçalves-Filipe Raposo, os Orelha Negra e Capicua. Os primeiros apresentando o “concerto desenhado" Qual é o som da tua cara?, um espectáculo de composição espontânea a pensar nas crianças e famílias. A banda de Sam the Kid vai tocar os seus temas novos e antigos, além de “novos e surpreendentes medleys”. E Capicua vai cantarolar lengalengas musicadas por Pedro Geraldes no espectáculo de registo ecologista Mão Verde com Banda.
Na dança e artes performativas, a companhia da coreógrafa argelina Nacera Belaza promete um momento forte no programa com Sur le Fil, dança meditativa a convidar à participação do público. E há mais um regresso da francesa Mathilde Monnier, com uma nova versão da coreografia Sursauts, de 2003, desta vez a convocar a participação de vários bailarinos portugueses.
Desde a véspera do festival, entre o aeroporto e o Parque de Serralves, a companhia franco-catalã Los Excentricos animará a audiência com The Melting Pot Pourri, uma selecção de sketches antigos e novos, que vão da comédia mais física ao malabarismo e ao imaginário de Fellini.
E Exit é o título da criação da companhia francesa Inextrémiste, que promete acrobacias excêntricas no cesto de um balão de ar quente em voo cativo a pairar por cima do Prado, a desafiar a gravidade e o risco real do circo, e a brincar com os medos do espectador.