Marcelo recorda um "criativo irreverente" que abriu "Portugal ao mundo"
O Presidente da República acredita que o Governo português não deixará de propor "o luto nacional correspondente".
Um "criativo irreverente" cuja morte deixa a cultura portuguesa "muitíssimo mais pobre". É assim que Marcelo Rebelo de Sousa recorda Júlio Pomar. O artista plástico morreu esta terça-feira, aos 92 anos, em Lisboa.
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Um "criativo irreverente" cuja morte deixa a cultura portuguesa "muitíssimo mais pobre". É assim que Marcelo Rebelo de Sousa recorda Júlio Pomar. O artista plástico morreu esta terça-feira, aos 92 anos, em Lisboa.
O chefe de Estado descreveu Júlio Pomar como "um inovador e criativo irreverente, profundamente rebelde", que "esteve sempre à frente do seu tempo" e "marcou boa parte do século XX, marcou a transição para o século XXI" em Portugal, "mantendo-se sempre jovem".
"Nós devemos a Júlio Pomar a abertura de Portugal ao mundo e a entrada do mundo em Portugal, desde logo, durante a ditadura, não apenas como pintor, não apenas como desenhador, mas como grande personalidade da cultura", afirmou.
Interrogado sobre qual a melhor homenagem que o país lhe pode prestar, o Presidente da República respondeu: "Eu tenho a certeza de que o Governo português não deixará de propor o luto nacional correspondente".
"Mas, para além disso, certamente que o Governo português irá meditar numa forma de o homenagear tal como ele gostaria, de uma forma não clássica, não conservadora, não tradicional. Mas progressista e virada para o futuro", acrescentou.
"Empenhado no combate à ditadura"
Também Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, reagiu à morte de Júlio Pomar, considerando-a uma "imensa perda" para a cultura portuguesa, caracterizando-o como "um artista maior no Portugal contemporâneo" que deve inspirar as jovens gerações. Na sua mensagem, Ferro Rodrigues salienta que foi com "muita tristeza" que tomou conhecimento da morte de Júlio Pomar.
"Foi um artista maior no Portugal contemporâneo. Um artista profundamente envolvido com o seu tempo e com o seu país", defendeu o presidente da Assembleia da República. Para Ferro Rodrigues, ao longo da sua vida, Júlio Pomar caracterizou-se também como um cidadão "empenhado no combate à ditadura e na causa da democracia".
"Um artista multifacetado que sabia inspirar o grande público e também por isso deve servir de inspiração às novas gerações. Sem dúvida uma imensa perda para a Cultura Portuguesa", sublinhou na sua mensagem o presidente da Assembleia da República.
Camões, Bocage, Almada e Pessoa no metro? Foi Júlio Pomar
Em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa "lamenta profundamente o desaparecimento do pintor Júlio Pomar", recordando o percurso de vida do artista plástico.
A autarquia lembra, entre outras coisas, que Júlio Pomar, "nome maior da pintura modernista", é o autor das pinturas da estação de metro do Alto dos Moinhos, "onde juntou Camões, Bocage, Almada e Pessoa".
BE recorda "artista universal"
Em declarações à agência Lusa, o deputado do Bloco de Esquerda Jorge Campos sublinhou que "Júlio Pomar não é apenas um grande artista português, mas também um artista universal". "Júlio Pomar é uma figura gigantesca da arte contemporânea portuguesa e alguém que manteve uma actividade permanente de diálogo com a realidade na qual se insere", enalteceu.
Para Jorge Campos, a morte do artista plástico "naturalmente que é uma grande perda, mas o seu legado, tal como a sua figura, é igualmente gigantesco".
"Esta obra que nos fica e esta obra que nos deixa vai seguramente continuar a permitir-nos interpelá-lo e interpelarmo-nos em função daquilo que ele nos deixa e que é uma reflexão muito profunda sobre aquilo que somos, quem somos, onde estamos e para onde queremos ir", observou.
"Uma linguagem e um universo próprios"
"Júlio Pomar foi um artista extraordinário e uma figura incontornável na cultura e na história das artes visuais portuguesas. O país está grato pelo legado incomensurável que nos deixa e pela capacidade de nos inspirar através da sua vida e da sua obra", refere Luís Filipe Castro Mendes, ministro da Cultura, através de um comunicado.
O ministro lembra que, "com uma linguagem e um universo próprios, construídos ao longo de uma vida", Júlio Pomar "foi um artista total, que marcou várias gerações e inscreveu a sua arte nos diversos momentos políticos do país".