Fundação Oceano Azul tenciona expandir o Oceanário de Lisboa
Entre as próximas iniciativas da Fundação Oceano Azul está uma expedição científica aos Açores e o lançamento de uma campanha de sensibilização para salvar os cavalos-marinhos da ria Formosa.
Ao mesmo tempo que se comemoram esta terça-feira os 20 anos da abertura da Expo-98, a Fundação Oceano Azul revela que pretende expandir fisicamente o Oceanário de Lisboa. “Ou expandimos o edifício, para continuar a dar uma boa experiência e albergar visitantes, ou subimos os preços. A decisão é adicionarmos mais espaço. Se queremos manter a qualidade, temos de expandir o edifício”, anunciou José Soares dos Santos, presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul, que detém a concessão do Oceanário de Lisboa até 2045.
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Ao mesmo tempo que se comemoram esta terça-feira os 20 anos da abertura da Expo-98, a Fundação Oceano Azul revela que pretende expandir fisicamente o Oceanário de Lisboa. “Ou expandimos o edifício, para continuar a dar uma boa experiência e albergar visitantes, ou subimos os preços. A decisão é adicionarmos mais espaço. Se queremos manter a qualidade, temos de expandir o edifício”, anunciou José Soares dos Santos, presidente do conselho de administração da Fundação Oceano Azul, que detém a concessão do Oceanário de Lisboa até 2045.
O projecto da expansão do edifício “ainda é confidencial”, explicou depois José Soares dos Santos, adiantando, no entanto, que o arquitecto será o mesmo que desenhou o Oceanário de Lisboa, Peter Chermayeff. “Seria um erro repetir o tanque central, que é único. Mas o que estamos à procura? Que outras experiências e espaços precisamos para servir melhor o projecto da Fundação [Oceano Azul]? Não sabemos ainda”, acrescentou o presidente desta fundação lançada publicamente há cerca de um ano e que foi criada pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, o principal accionista do grupo Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce.
Para o projecto de expansão do oceanário avançar será necessário negociar com o Governo, uma vez que esta é uma concessão atribuída pelo Estado em 2015. Ainda assim, José Soares dos Santos gostaria que essas obras começassem em 2020 ou 2021, preferindo não divulgar para já o valor estimado desse investimento.
Mas nos últimos dois anos, adiantou por sua vez o presidente executivo do Oceanário de Lisboa, João Falcato, já decorreram obras que representaram um investimento de sete milhões de euros. Além da renovação dos aparelhos de ar condicionado, do chão ou o tecto, criou-se um espaço novo para a loja e a restauração, a que se deu o nome Seathefuture. Segundo João Falcato, cerca de 30% dos produtos à venda actualmente na loja do oceanário são sustentáveis, tendo em atenção, por exemplo, os materiais usados ou a sua origem. “Vamos comprometer-nos que, em três anos, teremos 95% de produtos sustentáveis na nossa loja.” E, para a zona de restauração, o chef Kiko foi convidado para criar uma ementa sustentável, com pouco impacto ambiental.
É o espaço Seathefuture que será inaugurado esta terça-feira, ao final da tarde, por João Falcato e pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, numa cerimónia de celebração do 20.º aniversário do Oceanário de Lisboa e que contará ainda com o Governo em peso. Além do primeiro-ministro, António Costa, deverão estar presentes o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e a ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques.
Antes, ao início da tarde, também nas comemorações dos 20 anos da Expo-98, António Costa e o ministro da Ciência, Manuel Heitor, visitam o Pavilhão do Conhecimento, que durante a exposição mundial foi o Pavilhão do Conhecimento dos Mares. Agora é a casa da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, que vai entregar ao primeiro-ministro as chaves do pavilhão e, entre outras iniciativas, é inaugurada uma exposição de esculturas construídas com lixo recolhido nas praias e no mar.
Uma geração azul
Quanto aos objectivos da Fundação Oceano Azul, o seu presidente executivo, Tiago Pitta e Cunha, destacou a criação de uma geração azul. Por isso, no próximo ano lectivo, a partir de Setembro, irá começar um projecto-piloto nas escolas do município de Mafra, entre os alunos do primeiro ao quarto ano de escolaridade. “Estamos a ultimar materiais e conteúdos.” A ideia, acrescentou Tiago Pitta e Cunha, é alargar a iniciativa a outras escolas até chegar a nível nacional.
Além da literacia do oceano, a Fundação Oceano Azul quer dedicar-se à conservação da natureza. Por exemplo, quer propor a criação de áreas marinhas protegidas. É nesse objectivo de obtenção de mais conhecimentos científicos e de conservação que se enquadra a próxima expedição oceanográfica que a Fundação Oceano Azul vai fazer nos Açores, em colaboração, entre outros, com o projecto Mares Pristinos da National Geographic Society. A partir de 3 de Junho, a expedição será a bordo do navio Santa Maria Manuela e conta ainda com o navio Almirante Gago Coutinho, da Marinha Portuguesa, e o robô submarino Luso, da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.
Lançar campanhas de sensibilização de espécies específicas é outro dos objectivos. A conservação do cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) da ria Formosa, a casa da maior população desta espécie que ocorre por todo o mar Mediterrâneo, é uma dessas campanhas urgentes tanto nas escolas como entre as autoridades de fiscalização. Se por volta de 2001-2002 havia cerca de dois milhões de cavalos-marinhos na ria Formosa, em 2008 estimavam-se em apenas 120 mil. A perda de habitat devido às actividades humanas é uma das causas do declínio, mas Tiago Pitta e Cunha alertou que os cavalos-marinhos também estão a ser afectados pela “pesca ilegal” e que este é “um caso de polícia”.