Médicos pedem mais tempo para discussão
Grupo de médicos pede "mais dois ou três anos" para esclarecer a população.
Os médicos contestaram nesta segunda-feira, no Porto, o debate agendado para 29 de Maio na Assembleia da República da despenalização da eutanásia, preferindo que o tema fosse discutido durante mais dois ou três anos, esclarecendo a população.
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Os médicos contestaram nesta segunda-feira, no Porto, o debate agendado para 29 de Maio na Assembleia da República da despenalização da eutanásia, preferindo que o tema fosse discutido durante mais dois ou três anos, esclarecendo a população.
Num conjunto de intervenções no âmbito do ciclo de debates organizado pelo Conselho Nacional da Ordem dos Médicos e que nesta segunda-feira versou as Decisões sobre o fim da vida, e que acabou por girar em torno da eutanásia, os médicos reclamaram de uma decisão "entregue a deputados", como vincou o antigo bastonário Germano de Sousa.
Os cerca de 50 médicos reunidos na secção regional do norte da Ordem dos Médicos ouviram Jorge Espírito Santo, especialista em Medicina Interna e Oncologia Médica, fazer a defesa da "liberdade de escolher como morrer", conceito que sustentou defender "depois de um longo processo de maturação" baseado numa carreira "médica de 40 anos".
Em contraponto, Ana Sofia Carvalho, directora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, argumentou "faltar ética no debate em torno dos conflitos de fim de vida", defendendo que "autonomia em situação de grande angústia pelo fim de vida afecta a capacidade de tomar decisões".
O cirurgião Gentil Martins, do Instituto Português de Oncologia, de Lisboa, fez também críticas à discussão dos quatro projectos de lei, considerado que "a população, em geral, não está esclarecida" sobre o tema, sublinhado a recomendação da Associação Médica Mundial que afirma "não dever ser seguida a tese aprovada na Holanda, Bélgica etc".
"Não podemos continuar a confundir o princípio da vida com o princípio da cidadania e da autonomia. Não são valores equivalentes e não podem ser comparados e postos ao mesmo nível", sustentou Gentil Martins.