Vitória de Maduro: 14 países americanos reduzem relações com Caracas
Os países do Grupo de Lima chamaram, para consultas, os seus embaixadores, na sequência das presidenciais cuja legitimidade "não reconhecem".
Os 14 países do Grupo de Lima chamaram para consultas os seus embaixadores em Caracas e anunciaram nesta segunda-feira que vão reduzir as relações diplomáticas e apresentar um protesto pelos resultados das eleições presidenciais de domingo na Venezuela.
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Os 14 países do Grupo de Lima chamaram para consultas os seus embaixadores em Caracas e anunciaram nesta segunda-feira que vão reduzir as relações diplomáticas e apresentar um protesto pelos resultados das eleições presidenciais de domingo na Venezuela.
O Grupo de Lima é formado pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.
Num comunicado conjunto afirmam "não reconhecer a legitimidade" das eleições presidenciais antecipadas de domingo, em que Nicolás Maduro foi reeleito Presidente da Venezuela, "por não cumprirem com as regras internacionais de um processo democrático, livre, justo e transparente".
"Acordamos reduzir o nível das relações diplomáticas com a Venezuela, pelo que os embaixadores [destes 14 países] em Caracas vão ser chamados a consultas e vão ser convocados os embaixadores da Venezuela para expressar o nosso protesto", lê-se no documento.
Por outro lado, o Grupo de Lima "reitera a sua preocupação pelo agravamento da crise política, económica, social e humanitária que tem deteriorado a vida na Venezuela, que se vê refletida na migração em massa de venezuelanos que chegam aos nossos países em difíceis condições e na perda das instituições democráticas, do estado de direito e da falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos".
Também que vão apresentar, no quadro do 48º período de sessões da assembleia-geral da Organização de Estados Americanos, uma nova resolução sobre a situação na Venezuela.
Nesse sentido propõe aos países da região a adoção de várias medidas para atender os fluxos migratórios de venezuelanos "obrigados a abandonar o seu país" devido à crise.
Essas medidas passam por uma reunião de alto nível (para a primeira quinzena de junho) com autoridades migratórias dos distintos países para trocar experiências e definir diretrizes para uma resposta integral que inclua temas de facilidades migratórias e documentos de identidade.
"Considerar a possibilidade de realizar contribuições financeiras destinadas a organismos internacionais competentes para fortalecer as capacidades institucionais dos países da região, em especial os países vizinhos, para atender o fluxo migratório dos venezuelanos", é outra possibilidade admitida pelo grupo no documento.
Por outro lado, convocam uma reunião com responsáveis pelo setor da saúde, para coordenar ações em matéria de saúde pública e fortalecer a cooperação, para atender "a emergências”, dar apoio no abastecimento de medicamentos por instituições independentes e desenvolver ações de vigilância epidemiológica na Venezuela e em países vizinhos, em particular perante o reaparecimento de doenças como o sarampo, o paludismo e a difteria.
O Grupo de Lima prevê ainda solicitar às autoridades de cada país que emitam boletins e circulares ao sistema financeiro e bancário sobre o risco em que podem incorrer se realizarem operações com o Governo da Venezuela e coordenar ações internacionais para que não sejam concedidos empréstimos ao Governo da Venezuela, exceto para ações de ajuda humanitária.
"O Grupo continuará acompanhando o desenvolvimento da situação na Venezuela, com o propósito de adotar as medidas adicionais que correspondam, de maneira individual ou coletiva, para favorecer o restabelecimento do estado de direito e da ordem democrática nesse país", conclui.
O Presidente Nicolás Maduro venceu, oficialmente, as eleições presidenciais antecipadas de domingo com 5.823.728 (67,7%) votos.
O dissidente do chavismo Henri Falcon obteve 1.820.552 votos. O pastor evangélico Javier Bertucci 925.042 e o engenheiro Reinaldo Quijada 34.6714 votos, indicou o CNE.
De acordo com o Comité Nacional Eleitoral foram registados 8.603.936 votos válidos, que correspondem a uma participação de 46% dos 20.527.571 eleitores.