Câmaras dentro de esquadras, defende chefe de comando da Amadora

Jorge Resende defende total transparência e, por isso, mais recurso a câmaras de vigilância "a bem de todos". Ministro da Administração Interna está “a analisar a adopção de outros instrumentos de segurança”.

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O subintendente da PSP Resende da Silva (ao centro) foi chefiar o comando da Amadora LUSA/MIGUEL A.LOPES

Em Setembro de 2017, dois meses depois do despacho de acusação aos 18 polícias do Ministério Público, o subintendente Jorge Resende mudou do comando de Loures para o da Amadora, ficando responsável por todas as esquadras da cidade, incluindo a de Alfragide, que chegou a comandar. Reforçou equipa e colocou chefes da sua confiança.

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Em Setembro de 2017, dois meses depois do despacho de acusação aos 18 polícias do Ministério Público, o subintendente Jorge Resende mudou do comando de Loures para o da Amadora, ficando responsável por todas as esquadras da cidade, incluindo a de Alfragide, que chegou a comandar. Reforçou equipa e colocou chefes da sua confiança.

De 2016 para 2017, a criminalidade violenta e grave diminuiu 23% no concelho, o roubo por esticão desceu 24,7% e o roubo em transporte público 46,6%, refere. Atribui estes dados à videovigilância que foi instalada em Maio, por isso esta é uma solução, defende o chefe do comando que quer ter esquadras e agentes com câmaras durante as operações de modo a monotorizar os aconteceimentos. “Temos que ter total transparência e isso é bom para todos os lados”. Apesar de não se pronunciar sobre o caso, recusa a existência de racismo.

Segundo o Ministério da Administração Interna, já existem esquadras com sistema de videovigilância na zona envolvente das mesmas. O MAI está “a analisar a adopção de outros instrumentos de segurança, no âmbito das alterações à legislação que regula a videovigilância”, diz ainda uma nota por email.

Há o reconhecimento de que era preciso mudar algo na PSP?
Reconheceu-se que a imagem e actuação policial estavam a ser postas em causa. A situação não está fácil porque criou-se uma imagem negativa: verdade ou mentira o tribunal dirá. Tem que se dar total transparência à acção policial, verificar se há situações negativas e porque é que as há, e sindicar as actuações policiais mais complicadas para chegar a uma conclusão. Em muitos casos as pessoas partiam do princípio que era fácil acusar a polícia. Temos que proteger os polícias. Os polícias vão lidar com situações de violência, não podem estar sujeitos a que a sua actuação seja deturpada e posta em causa.

Os habitantes da Cova da Moura notaram uma diminuição da intervenção musculada da polícia. Deu orientações?
Se as pessoas de bem se se sentirem mais seguras fico contente, se os criminosos o disseram não. Se tiver um roubo perto da Cova da Moura em que a descrição é um indivíduo negro de calça de ganga, quando for à procura deles vou abordar os indivíduos que correspondem àquelas características. E as pessoas não podem partir do pressuposto que estão a abordar porque é negro e que a polícia é racista. O que algumas pessoas chamam “racismo”, eu chamo “profiling”.

Quer ter câmaras nas esquadras?
Há um sistema de videovigilância na via pública do concelho com 103 câmaras, em todas as freguesias excepto uma, e qualquer situação de crime é monitorizada pelo sistema assim que há conhecimento. O sistema monitoriza a actuação policial e das pessoas. Se as pessoas disserem que foram agredidas tenho prova que não é verdade.

Defendo câmaras nas esquadras. Há necessidade de total transparência para protecção de todos. O polícia não pode ter o seu trabalho posto em causa porque alguém deturpa a realidade. Nas zonas de acesso à detenção também deve haver câmaras. Sou intransigente em relação a violência policial gratuita, não pode haver excesso. Mas sou intransigente contra acusações infundadas contra os meus homens.

Há uma grande desconfiança da parte da população daquele bairro.
Temos que trabalhar isso. Os cidadãos de bem precisam de confiar na polícia, os de mal precisam de a temer. Custa-me que, por causa da situação, toda e qualquer intervenção da polícia passou a estar a ser sujeita a esta acusação.

E não o preocupa a situação contrária [a de a polícia abusar de poder]?
Essa preocupação é permanente, já não é nova. Se há instituição que tem mecanismos de sindicância e auditoria interna e externa somos nós. Eu tenho competência disciplinar, temos a IGAI, a comunicação social. Somos uma instituição totalmente transparente, não há encobrimento.

Como se restabelece a confiança com a população da Cova da Moura? Houve uma altura em que se promoviam jogos de futebol.
Temos o policiamento de proximidade, o contacto directo com a população e com associações de moradores e as instituições locais. A meu ver não deve haver discriminação positiva nem negativa. A população tem que perceber que o mesmo polícia será o melhor amigo em situações que precisem mas um adversário quando um indivíduo cometer um crime. Não tenho um plano para a Cova da Moura, tenho um plano para todo o concelho. Aliás, as pessoas da Cova da Moura são muito interventivos, percebem perfeitamente o que está mal e têm direito à segurança.

Pouco depois de sair a acusação houve uma manifestação do PNR junto a esquadra de Alfragide. Não o preocupa esta colagem?
Eu sou apartidário. O PNR é de extrema-direita mas é legal. O que me preocupa é que haja tentativa de exploração de qualquer tipo de acção policial, pela parte de grupos que processam a violência.

Alguma vez detectou a infiltração de grupos violentos como skinheads na PSP?
Não. Isso seria intolerável, nunca assisti a manifestações de xenofobia e racismo na polícia. Bastaria um caso para ser expulso, não tinha condições para ser polícia.