Ninguém está à espera da Inquisição espanhola
Vamos poder ver no Netflix (e na íntegra) o Monty Python’s Flying Circus, permitindo redescobrir uma quantidade de sketches que ficaram esquecidos pelo meio da aparentemente inesgotável produção da trupe.
Todos estamos fartos de saber quem são os Monty Python, haverá até quem saiba de cor os sketches mais conhecidos (como o do papagaio morto ou aquela célebre frase “Número 1. O lariço”), ninguém duvidará da importância do seu humor satírico e abrasivo que moldou a comédia (britânica e, mais latamente, mundial) no último meio século. Mas quantos de nós viram, efectivamente, a série original Monty Python’s Flying Circus (traduzida em Portugal por Os Malucos do Circo), exibida na BBC entre 1969 e 1974? Quantos de nós não recordam os Python mais pelos filmes ou pelas prolíferas carreiras pós-Python de Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin do que pelos 45 episódios originais de meia hora?
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Todos estamos fartos de saber quem são os Monty Python, haverá até quem saiba de cor os sketches mais conhecidos (como o do papagaio morto ou aquela célebre frase “Número 1. O lariço”), ninguém duvidará da importância do seu humor satírico e abrasivo que moldou a comédia (britânica e, mais latamente, mundial) no último meio século. Mas quantos de nós viram, efectivamente, a série original Monty Python’s Flying Circus (traduzida em Portugal por Os Malucos do Circo), exibida na BBC entre 1969 e 1974? Quantos de nós não recordam os Python mais pelos filmes ou pelas prolíferas carreiras pós-Python de Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin do que pelos 45 episódios originais de meia hora?
E agora algo de completamente diferente: vamos poder ver no Netflix (e na íntegra) o Monty Python’s Flying Circus, permitindo redescobrir uma quantidade de sketches que ficaram esquecidos pelo meio da aparentemente inesgotável produção da trupe (Dinsdale!, A Arqueologia Hoje, O Programa de Átila, o Huno, O Bispo, Especial Eleições...). As colagens surrealistas, a frontalidade da sátira corrosiva a um establishment britânico ainda preso a uma lógica imperial, o questionamento do próprio conceito do que a comédia televisiva podia ser: o Flying Circus era um laboratório fervilhante de experimentalismo em tempo real. A sua ousadia pode hoje parecer menos contundente, e por cada sketch de génio há outros menos inspirados ou rotundamente falhados. Mas era essa a natureza da série: um grupo de humoristas a forçarem as fronteiras do que era possível fazer em comédia televisiva, sempre na corda bamba. A pergunta nunca nos abandona: mesmo levando em conta os ventos de liberdade pós-1968, como é que a BBC deixou isto ir para o ar? Temos uma resposta muito simples: ninguém estava à espera da Inquisição espanhola.
Os 45 episódios de Monty Python’s Flying Circus estão disponíveis no serviço de streaming Netflix, a par dos filmes Monty Python e o Cálice Sagrado e A Vida de Brian.