Os homens que seguram Bruno de Carvalho no poder
Presidente da Assembleia da República não irá à final da Taça de Portugal por discordar da sua realização. A equipa do Sporting fará neste sábado, no Estádio Nacional, o único treino da semana. Forças policiais garantem condições de segurança para o jogo de domingo. Tribunal já ouviu quase todos os detidos, mas ainda não decretou as medidas de coacção.
Apresentaram-se todos ao lado do Bruno de Carvalho, nesta quinta-feira, no momento em que o presidente do Sporting anunciou que não se demitiria do cargo. São os homens do presidente. Nem todos os que surgem na fotografia são indispensáveis para que o líder dos “leões” continue à frente dos destinos do clube, pois alguns não integram o Conselho Directivo (CD), mas entre os que surgem na imagem estão aqueles que o seguram.
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Apresentaram-se todos ao lado do Bruno de Carvalho, nesta quinta-feira, no momento em que o presidente do Sporting anunciou que não se demitiria do cargo. São os homens do presidente. Nem todos os que surgem na fotografia são indispensáveis para que o líder dos “leões” continue à frente dos destinos do clube, pois alguns não integram o Conselho Directivo (CD), mas entre os que surgem na imagem estão aqueles que o seguram.
Rui Caeiro, Carlos Vieira, José Quintela, Alexandre Godinho, Luís Roque e Luís Gestas, são os homens que mantêm Bruno de Carvalho como presidente do Sporting. Na fotografia já não está Bruno Mascarenhas, vogal do CD com o pelouro dos núcleos, que comunicou a sua demissão nesta sexta-feira, logo pela manhã, depois de ter participado na reunião que decorreu, ao longo de horas, em Alvalade.
Com esta saída, Bruno de Carvalho treme mais um pouco mas ainda não cai. Como explicou Jaime Marta Soares, presidente da Assembleia Geral (AG) do Sporting, para que a direcção do clube fique sem quórum ainda são necessárias mais duas demissões.
Bruno de Carvalho segue assim à frente dos destinos do Sporting, clube cuja equipa irá treinar-se hoje, no Estádio Nacional. Ao contrário do que inicialmente tinha sido avançado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), os jogadores “leoninos” vão mesmo efectuar um treino no palco da final de amanhã. Será às 16h45 e terá segurança reforçada, depois das agressões a que os jogadores foram alvo na terça-feira, na Academia do clube, em Alcochete. Já a habitual conferência de imprensa de antevisão da partida não se realizará.
O Sporting prepara assim a sua presença no Jamor, onde, no domingo, defrontará o Desportivo das Aves. Um jogo que não terá o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, na tribuna de honra. A segunda figura do Estado já informou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, da sua decisão. Ferro Rodrigues entende que o jogo não se deveria realizar como se nada tivesse acontecido esta semana.
Independentemente das agressões de Alcochete, no início da semana, a Polícia de Segurança Pública (PSP) garantiu nesta sexta-feira que estão reunidas todas as condições de segurança para o encontro no Estádio Nacional, em Oeiras.
“Este policiamento foi há muito preparado, com reuniões insistentes com o promotor, mais concretamente a FPF”, começou por explicar o intendente Domingos Antunes. Contudo, este responsável policial não esqueceu a semana conturbada que os “leões” têm vivido, admitindo, por isso, a possibilidade de momentos de maior tensão, principalmente entre adeptos sportinguistas.
“É possível [momentos de tensão]. A polícia vai acompanhar estes fenómenos. Sinto uma confiança de que tudo vai decorrer com a maior urbanidade, que os adeptos seguirão as informações da polícia e ajudarão à festa”, esclareceu. Domingues Antunes revelou ainda que o topo norte do Estádio Nacional terá especial atenção por parte das forças policiais, dado que será nessa zona que ficarão as claques “leoninas”.
Nove detidos falam
Do ponto de vista judicial, continuam a ser ouvidos no Tribunal do Barreiro alguns dos detidos após a invasão da Academia do Sporting. Até esta sexta-feira, oito dos nove arguidos envolvidos nos incidentes que se dispuseram a prestar declarações já o tinham feito. Neste sábado, o juiz de instrução criminal deverá ouvir o último, pelo que dificilmente serão conhecidas as eventuais medidas de coacção antes de segunda-feira, dado que ainda terá de haver lugar à promoção do Ministério Público e às alegações dos defensores dos 23 arguidos.
Já no que diz respeito à chamada Operação Cashball, o PÚBLICO revelou nesta sexta-feira que o autor da participação criminal que deu origem à investigação foi um agente desportivo ligado ao andebol, que o empresário Paulo Silva tentou corromper no Porto. Por isso mesmo é que o inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto que delegou o apuramento dos factos na Secção Regional de Investigação da Corrupção da Directoria do Norte da Polícia Judiciária. Assim, já o inquérito decorria, quando Paulo Silva foi oferecer a sua história ao Correio da Manhã, a quem disponibilizou inúmeras comunicações feitas através do WhatsApp e que referem contactos para pagar aos árbitros da Liga de andebol entre 1500 e 2000 euros.
O caso está nas mãos da equipa coordenada pelo procurador Jorge Noel Pinto, especializada na investigação de “crimes de colarinho branco” no DIAP do Porto. Foi um elemento desta equipa que pediu em tribunal uma caução de 60 mil euros como medida de coacção para o actual director-geral do futebol do Sporting, André Geraldes, suspeito de corrupção activa no fenómeno desportivo, apurou o PÚBLICO junto de fonte das defesas.
No âmbito desta operação, a equipa de investigadores encontrou ainda 60 mil euros em dinheiro num armário no gabinete de André Geraldes.
Entretanto, o Ministério Público confirmou ontem a constituição de mais três arguidos neste processo que investiga a viciação de resultados desportivos no andebol e no futebol, que se juntam a André Geraldes, João Gonçalves, Paulo Silva e Gonçalo Rodrigues.
Patrocinadores fogem
Também na vertente económica o cerco a Bruno de Carvalho está cada vez mais fechado. Nesta sexta-feira, duas empresas anunciaram que deixavam de patrocinar o clube. Logo pela manhã, o Grupovarius anunciou que se iria desvincular do emblema e deixar de ser o principal sponsor do judo do Sporting. Pouco depois, foi a vez do Grupo Inforphone, actual parceiro oficial tecnológico dos “leões”. “Perante todos os acontecimentos e tomada de posição por parte da direção do Sporting, já não existem condições” para continuar a parceria, informou a empresa.
Pintado de verde só mesmo o lucro de 1,1 milhões de euros da SAD registado nos primeiros nove meses do exercício de 2017-18 e anunciado ontem, para além de uma redução do passivo de 43 milhões. Mas os 8,9 milhões de prejuízo contabilizados nos primeiros três meses deste ano são um sinal de alerta. com Mariana Oliveira