Costa vai à final da Taça, Marcelo mantém o tabu
Primeiro-ministro admitiu que, se não estivessem reunidas condições de “total segurança”, havia “outras possibilidades” para a realização do jogo de domingo. Presidente da República apelou à calma: “Hoje ainda é quinta-feira”.
António Costa já garantiu que estará presente, “com muito gosto”, na final da Taça de Portugal, ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa e Ferro Rodrigues, que ainda estão a avaliar as condições de segurança para o jogo marcado para domingo no estádio do Jamor.
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António Costa já garantiu que estará presente, “com muito gosto”, na final da Taça de Portugal, ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa e Ferro Rodrigues, que ainda estão a avaliar as condições de segurança para o jogo marcado para domingo no estádio do Jamor.
“Não se enervem, isso faz mal ao coração”, disse o Presidente da República aos jornalistas quinta-feira à tarde, em resposta aos jornalistas que insistiam desde a véspera na mesma pergunta. “A final é só no domingo. Estamos hoje, quê, na quinta-feira? Então, verão no domingo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado se está a colocar a hipótese de ir ao relvado do Estádio Nacional e não se sentar bancada, na final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Desportivo das Aves, declarou: "Eu devo dizer que tenho lido e ouvido as coisas mais espantosas. E o meu espírito está noutro sítio completamente diferente. Portanto, não se enervem, não estejam tensos nem nervosos que não se justifica", reiterou.
Horas antes, a partir de Sófia, o primeiro-ministro admitiu que, se não estiverem reunidas as condições de segurança, o jogo do final da Taça de Portugal pode não acontecer nas condições habituais. “Há uma panóplia de outras possibilidades, como a mudança de local do jogo ou a realização sem acesso do público”, disse.
“O meu desejo é que haja condições de segurança com total normalidade para o jogo do Jamor”, começou por dizer, acrescentando depois que “seria uma tristeza” se o jogo não se realizasse “no local próprio, no dia próprio, com as equipas que ganharam o direito” de o disputar.
Na quarta-feira, Ferro Rodrigues tinha sugerido aos jornalistas que poderia não haver condições para a realização da partida no Jamor: "Não me chocaria que a final da Taça fosse feita à porta fechada ou na Vila das Aves."
Mas Costa coloca essas alternativas como última opção, dependente apenas da avaliação das condições de segurança que seja feita pelas autoridades policiais, judiciais e pela Federação Portuguesa de Futebol, entidade responsável pela organização da prova. "Vamos avaliando", diz o primeiro-ministro.
O que deixou já garantido é que, em qualquer caso, estará presente: “Estarei lá com muito gosto”, afirmou.
Uma determinação que até agora não revelaram o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República. As três autoridades máximas do país costumam sentar-se na tribuna de honra do Estádio do Jamor ao lado dos presidentes dos clubes finalistas, mas essa tradição pode não se repetir este ano.
O PÚBLICO sabe que tanto Marcelo Rebelo de Sousa como Ferro Rodrigues aguardam as indicações das autoridades sobre as condições de segurança. Existe o receio de que os adeptos possam começar a atirar objectos para a tribuna presidencial em protesto contra Bruno de Carvalho ou, na hipótese de o Sporting perder, os ânimos aqueçam nas bancadas.
Mas essa não será a única questão em avaliação. Nesta quinta-feira de manhã, o presidente do Sporting anunciou que iria processar Ferro Rodrigues e criticou também o Presidente da República pelas declarações que estes dois responsáveis fizeram na véspera. Embora ninguém queira, neste momento, fazer qualquer comentário sobre tais declarações, o PÚBLICO sabe que dificilmente o presidente da Assembleia da República aceitará sentar-se ao lado de quem acabou de o ameaçar judicialmente.
Nova lei só depois do "defeso"
A partir de Sófia, o primeiro-ministro voltou a afirmar que está em preparação uma nova lei sobre a violência no desporto: “É um debate que tem vindo a ser feito. O secretário de Estado anunciou [a nova lei] em Abril e será levada à Assembleia da República no início da próxima sessão legislativa”, que começa em Setembro. Acho que deve ser aproveitado este defeso desportivo para regulamentar estas matérias", disse.
Sobre a Autoridade Nacional para a Segurança no Desporto, cuja criação anunciara na véspera e que deverá integrar o novo pacote legislativo, o primeiro-ministro acrescentou algumas explicações. Será "uma autoridade que tenha condições para, do ponto de vista administrativo, agir depressa e bem, para ter uma atitude mais preventiva do que reactiva", disse.
"Neste momento, depois de se ter cometido um crime, a questão é simples: é uma matéria criminal, são as forças policiais, o Ministério público, as autoridades judiciárias que tomam conta do caso e actuam como devem actuar", explicou Costa. "Tem que ter uma consequência do ponto de vista desportivo, mas sobretudo é essencial que haja uma autoridade que não permita que, ao longo das épocas, se vá criando uma clima a partir do qual germine estes fenómenos", acrescentou.
Costa acabou por reconhecer que foi esse clima que culminou com os acontecimentos em Alcochete: "Este é um fenómeno que não se trata simplesmente de haver um grupo individualizado de pessoas que tiveram uma atitude, isto é fruto de um ambiente que foi criado, que tem que ser combatido e que não pode existir." Com Rita Siza, em Sófia