Jardim Botânico do Palácio de Queluz distinguido com Prémio Europa Nostra

Parques de Sintra recuperou a forma e o conteúdo do jardim setecentista, que foi reaberto ao público em Junho de 2017.

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Jardim foi reaberto ao público em Junho de 2017 Margarida Basto

O Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, em Sintra, recuperado e reaberto ao público em Junho do ano passado, é um dos 29 distinguidos com Prémio Europa Nostra, que esta terça-feira foram anunciados pela Comissão Europeia.

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O Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, em Sintra, recuperado e reaberto ao público em Junho do ano passado, é um dos 29 distinguidos com Prémio Europa Nostra, que esta terça-feira foram anunciados pela Comissão Europeia.

Este jardim com cerca de dois mil metros quadrados na propriedade de 16 hectares que rodeia aquele palácio foi integralmente recuperado através de um projecto gerido pela empresa Parques de Sintra - Monte da Lua, que em 2012 iniciou um cuidado trabalho de investigação com o objectivo de reconstituir o figurino do equipamento construído entre 1769 e 1776.

A inauguração ocorreu no dia 5 de Junho de 2017, altura em que foi aberto à fruição pública aquele que, durante quase dois séculos, foi um lugar reservado à realeza e à aristocracia do país.

O júri do Prémio Europa Nostra considerou este, um "projecto bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido”, e realçou o facto de se ter recorrido a uma “investigação arqueológica e à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente”.

De facto, em 2012 a Parque de Sintra formou uma equipa de vinte técnicos que, durante dois anos, através de sondagens arqueológicas no local e da análise de documentos e testemunhos históricos, conseguiram reconstituir a forma e o conteúdo de um jardim de pequena escala, mas que, no terceiro quartel do século XVIII, reproduzia o figurino iluminista de lugares congéneres na Europa, nomeadamente em Madrid, Pádua ou Amesterdão.

“A descoberta do índice de espécies cultivadas original, de 1789, com uma lista de todas as plantas conhecidas dos botânicos na altura [o designado Index de Manuel de Moraes Soares], completou a pesquisa e impulsionou os investigadores a estabelecerem contactos com esses e outros jardins botânicos da Europa com o fim de obter plantas dos seus bancos de sementes e viveiros”, explica o comunicado do Centro Nacional de Cultura, a anunciar o prémio.

Reconstituiu-se, assim, uma cartografia de 24 canteiros e quatro estufas onde foram replantadas duas centenas de espécies botânicas e ainda os ananases que na altura da construção ficaram como imagem de marca exótica deste jardim no palácio que foi residência da corte de D. João VI (antes e depois do exílio no Brasil).

O jardim botânico foi depois perdendo a sua função de lugar de entretenimento e recreio, e foi transformado em roseiral em 1940. Já em 1984 foi destruído por uma cheia, e depois transformado em picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.

Os trabalhos aí realizados ao longo de meia década permitiram também recuperar vários aspectos do jardim, nomeadamente com o restauro e a conservação de azulejos pintados e elementos em alvenaria, além do lago, da fonte ornamental e estátuas circundantes.

“O projecto é um excelente exemplo de colaboração interdisciplinar que envolveu também a comunidade local. A divulgação dos resultados foi forte e possibilitou a conclusão do projecto. Isto irá criar sensibilização quanto aos resultados e garantir a sua sustentabilidade”, realçou também o júri do Prémio Europa Nostra.

Prémio chegou à Turquia

A distinção atribuída ao Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz foi conferida na categoria de Conservação, onde foram premiadas uma dezena de outras intervenções, de Espanha à Sérvia, da Alemanha à Grécia.

Para a edição deste ano, foram também consideradas (e distinguidas) candidaturas nas áreas de Investigação, Serviço dedicado ao património, Educação, formação e sensibilização. E a recuperação da Escola Grega  Zografyon, em Istambul (Turquia), recebeu ainda um Prémio Europa Nostra Especial para “uma realização excepcional num país que não integra o programa Europa Criativa da União Europeia".

Das 29 realizações agora distinguidas (provenientes de 17 países), sete irão ser ainda galardoadas com Grandes Prémios (e receber 10 mil euros cada), que serão anunciados na cerimónia oficial dos Prémios Europeus do Património Cultural a realizar em Berlim, no próximo dia 22 de Junho.

Esta sessão – que será presidida pelo Presidente da Alemanha, Franz-Walter Steinmeier, pelo tenor Placido Domingo, presidente do Europa Nostra, e por Tibor Navracsics, comissário europeu para a Educação, Cultura, Juventude e Desporto – vai decorrer no âmbito da Cimeira Europeia do Património Cultural, na capital alemã, entre 18 e 24 de Junho.