Facebook suspende 200 aplicações em investigação a uso de dados
"Ainda há muito mais trabalho a fazer", diz vice-presidente da rede social, na sequência da polémica da Cambridge Analytica.
O Facebook suspendeu cerca de 200 aplicações no âmbito das investigações que a rede social começou a fazer depois da polémica da Cambridge Analytica, a empresa de consultoria política que teve acesso indevido a dados de 87 milhões de utilizadores.
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O Facebook suspendeu cerca de 200 aplicações no âmbito das investigações que a rede social começou a fazer depois da polémica da Cambridge Analytica, a empresa de consultoria política que teve acesso indevido a dados de 87 milhões de utilizadores.
A informação foi avançada à agência Reuters por um vice-presidente da empresa, que não identificou as aplicações suspensas e que explicou que a medida foi tomada enquanto o Facebook tenta apurar se de facto houve uso ilegítimo de dados.
“Ainda há muito mais trabalho a fazer para encontrar todas as aplicações que podem ter usado indevidamente os dados do Facebook das pessoas – e vai demorar tempo”, afirmou à Reuters Ime Archibon, responsável pelas parcerias de produtos. “Temos equipas grandes de peritos internos e externos a trabalhar muito para investigar estas aplicações assim que possível.”
As críticas à forma como o Facebook agrega e lida com os dados dos utilizadores são antigas, mas agudizaram-se no final de Março, quando foi noticiado que a Cambridge Analytica, uma empresa britânica que trabalhou com a campanha de Donald Trump, tinha tido acesso a informação de 87 milhões de pessoas (a maioria das quais nos EUA e incluindo o próprio Mark Zuckerberg). Essa informação foi obtida através de um académico (os dados do Facebook são frequentemente usados em investigações académicas) e contrariando as regras da rede social. De acordo com as notícias, os dados foram depois usados para criar perfis dos utilizadores (com informação como os interesses e inclinações políticas), que por sua vez estiveram na base de acções de campanha direccionada. No início deste mês, a empresa – que tem negado repetidamente ter tido procedimentos ilegais – declarou falência. A controvérsia, explicou a Cambridge Analytica, afastou clientes e fornecedores.
Quando o caso foi conhecido, o Facebook já se debatia com outros problemas, entre os quais críticas duras pela forma como absorvia o tempo e a atenção dos utilizadores, e pela forma como permitia a disseminação de notícias falsas, desinformação e discurso de ódio.
Mark Zuckerberg acabou por ser ouvido no Congresso americano, onde pediu repetidamente desculpas e prometeu medidas para corrigir as falhas, tal como já tinha feito antes.
O cenário de ter o presidente do Facebook a responder perante o poder político pode vir a repetir-se deste lado do Atlântico. Zuckerberg esteve a negociar condições para ser ouvido no Parlamento Europeu, numa mudança da estratégia inicial da empresa de enviar outro executivo. No final de Abril, um porta-voz do PPE, o grupo parlamentar onde estão os deputados do PSD e CDS, adiantou que o empresário seria ouvido em Maio. Contudo, o Parlamento ainda não anunciou qualquer audição.