PCP critica "opção política" de Costa de preferir contratar a dar aumentos na função pública
Jerónimo de Sousa diz que há dinheiro para aumentos de salários.
O líder do PCP criticou neste domingo o primeiro-ministro por preferir contratar funcionários públicos a dar aumentos salariais, ironizando que "é uma opção política" e que continua a haver dinheiro para "pagar uma dívida que não é pagável".
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O líder do PCP criticou neste domingo o primeiro-ministro por preferir contratar funcionários públicos a dar aumentos salariais, ironizando que "é uma opção política" e que continua a haver dinheiro para "pagar uma dívida que não é pagável".
A crítica de Jerónimo de Sousa foi feita no encerramento de um debate sobre "Crianças e pais com direitos", na Biblioteca Orlando Ribeiro, em Lisboa, em que fez a defesa de medidas estatais no apoio aos jovens pais, que, admitiu, precisa de investimento.
"Dizem-nos: têm razão, mas não há dinheiro", improvisou Jerónimo de Sousa no seu discurso, comentando a entrevista do primeiro-ministro, António Costa, ao Diário de Notícias, em que disse preferir contratar funcionários públicos a avançar com aumentos salariais, como pretendem PCP e Bloco de Esquerda.
O secretário-geral comunista afirma que Costa, "ao mesmo tempo que afirma não ser possível um justo aumento salarial para quem não recebe aumentos há nove anos", garante, ao mesmo tempo, que "não faltarão 35 mil milhões de euros para uma dívida [do país] que não é pagável sem ser negociada".
Para já não falar, afirmou, "dos que, para a banca, há sempre uns milhares de milhões de euros para acudir aos desmandos dos banqueiros".
"O problema não está em não haver dinheiro. O problema está na injustiça da sua distribuição e na falta de investimento. Não é por falta de dinheiro, é por opção política", afirmou.
Quase duas horas depois de debate, Jerónimo de Sousa encerrou os trabalhos, para defender políticas integradas para a família, de estímulo à natalidade ou combate à precariedade.
Jerónimo de Sousa propõe reduzir o horário de trabalho para as 35 horas semanais, por exemplo, e "aumentar o tempo das licenças de maternidade e paternidade para 180 dias pagos a 100%, divididos por decisão livre do casal", bem como o alargamento das licenças obrigatórias, da mãe para nove semanas e do pai para 30 dias".
Para apoiar crianças e pais, e porque "as crianças também precisam de tempo", os comunistas também sugerem a criação de um plano nacional de ocupação de tempos livres, em substituição das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC).
O secretário-geral comunista terminou, nas suas palavras, com "uma frase de notável sensibilidade" do líder histórico dos comunistas, Álvaro Cunhal: "O amor pelas crianças, a luta para lhes assegurar tudo quanto necessitam no presente e para lhes assegurar o futuro, é parte inalienável do progresso e da luta dos comunistas."