Quim Torra – um independentista radical vai ser presidente da Catalunha

Parlamento reúne-se no sábado para votar investidura - que só deve acontecer segunda-feira - de candidato que tem planos para impulsionar o “processo constituinte” catalão. Rajoy volta a acenar com o 155.

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Quim Torra aspira à presidência da Generalitat STRINGER / Reuters

Falhadas as investiduras de Carles Puigdemont, Jordi Sànchez e Jordi Turull, e descartada a hipótese Elsa Artadi, a ala secessionista do parlamento da Catalunha prepara-se para nova votação com vista à eleição do próximo presidente da Generalitat. Sob proposta do Juntos pela Catalunha (JxCat) e com o apoio da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Quim Torra vai avançar para o cargo e já prometeu prosseguir o “processo constituinte” de independência iniciado com o referendo de Outubro do ano passado.

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Falhadas as investiduras de Carles Puigdemont, Jordi Sànchez e Jordi Turull, e descartada a hipótese Elsa Artadi, a ala secessionista do parlamento da Catalunha prepara-se para nova votação com vista à eleição do próximo presidente da Generalitat. Sob proposta do Juntos pela Catalunha (JxCat) e com o apoio da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Quim Torra vai avançar para o cargo e já prometeu prosseguir o “processo constituinte” de independência iniciado com o referendo de Outubro do ano passado.

A marcação da sessão plenária para este sábado ocorreu depois de Puigdemont ter anunciado, num depoimento gravado em vídeo a partir da Alemanha, que renuncia à candidatura ao governo autonómico e que propõe o nome do “camarada” Torra.

Quim Torra é um editor de 55 anos que chegou recentemente à arena política. Representa a ala mais radical do independentismo catalão, tendo já sido acusado por anti-independentistas e constitucionalistas espanhóis de “xenófobo” e “sectário”, na sequência de publicações controversas no Twitter em 2012. Mas não é alvo de qualquer processo judicial.

Na sua primeira intervenção pública desde que o seu nome foi anunciado para poder vir a suceder a Puigdemont – auto-exilado na Alemanha – pediu desculpa a todos os que se “sentiram ofendidos” com os seus tweets e lamentou estar a ser criticado por eles, ao invés de pela sua “trajectória profissional”.

Em declarações à TV3, esta sexta-feira, Torra comprometeu-se em dar seguimento aos mandatos iniciados pelo referendo secessionista do dia 1 de Outubro – declarado ilegal por Madrid – e pela declaração de independência no Parlament, assente em “três eixos de acção política” e na orientação de Puigdemont: “O eixo do exílio, o das instituições catalãs e o da cidadania fortalecida, que tem de impulsionar o processo constituinte”.

Mostrou-se, no entanto, aberto para dialogar com o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e disse ser seu objectivo que “o Estado espanhol o reconheça como um interlocutor válido”. 

Questionado sobre uma eventual nova intervenção de Madrid na Catalunha, através do artigo 155 da Constituição espanhola, Quim Torra foi sucinto: “Só contemplo a possibilidade de obedecer ao parlamento da Catalunha”.

Palavras que foram escutadas atentamente em Cádiz, onde Rajoy esteve esta sexta-feira, e de onde enviou um recado para Torra, ainda que sem referir o nome do catalão. “O 155 já não é um artigo, é um precedente e um procedimento que ficará para o futuro, caso seja necessário”, advertiu, citado pelo La Vanguardia.

Rajoy esclareceu que “espera não ser preciso” voltar a accionar o 155 e defendeu a necessidade do parlamento catalão em “eleger um presidente legal” que possa “governar com normalidade” e “tirar a Catalunha da excepcionalidade”. Um statu quo que, ainda assim, encara com algum optimismo: “Apesar das previsões apocalípticas de alguns, a Catalunha está hoje melhor do que estava”.

Duas votações

Conscientes de que não têm os 68 votos necessários para o investir já no sábado, JxCat e ERC apostam todas as fichas na segunda votação, agendada para segunda-feira, que apenas exige uma maioria simples – 66 votos em 135 deputados. Nestas contas nem sequer entram os quatro deputados da Candidatura de Unidade Popular (CUP), que vai reunir apenas no domingo para definir a sua orientação de voto.

Os independentistas ganharam as eleições regionais em Dezembro, mas, se não elegerem um novo presidente até 22 de Maio, os catalães vão ter de ir às urnas novamente.

Se o parlamento eleger um presidente que forme um governo, a Catalunha liberta-se da tutela de Madrid, imposta pela aplicação do artigo 155, na sequência da declaração unilateral de independência aprovada pela assembleia no dia 27 de Outubro do ano passado.