Rama em Flor: debates, música e cinema para pensar os feminismos
A segunda edição do festival feminista e queer Rama em Flor acontece em vários espaços de Lisboa entre 27 de Junho e 1 de Julho.
Depois da edição inaugural em 2016, o festival comunitário feminista e queer Rama em Flor está de regresso entre 27 de Junho e 1 de Julho, integrado nas Festas de Lisboa. O concerto das Raincoats, figuras-chave do pós-punk que prepararam terreno para o movimento punk feminista riot grrrl, é o acontecimento incontornável desta edição (dia 30 na Trienal de Arquitectura, numa parceria com a ZDB), mas o Rama em Flor tem muito mais a dizer.
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Depois da edição inaugural em 2016, o festival comunitário feminista e queer Rama em Flor está de regresso entre 27 de Junho e 1 de Julho, integrado nas Festas de Lisboa. O concerto das Raincoats, figuras-chave do pós-punk que prepararam terreno para o movimento punk feminista riot grrrl, é o acontecimento incontornável desta edição (dia 30 na Trienal de Arquitectura, numa parceria com a ZDB), mas o Rama em Flor tem muito mais a dizer.
Ou a propor, já que o plano de ataque passa sobretudo por abrir espaços de debate, reflexão e consciencialização sobre identidades e expressões de género, sexualidades e feminismos interseccionais, em que as questões trans, de etnia ou de classe estejam simultaneamente representadas. Também nesse sentido, apostou-se num reforço da equipa de programação, alargaram-se parcerias (UMAR, ILGA, Festival Feminista de Lisboa e Brave entram agora em jogo), estendeu-se o raio de acção do festival a mais espaços. “A ideia é que a partir de um ponto de vista, a partir de um lugar, se discutam outros”, explica Rodrigo Araújo, co-organizador e embaixador da promotora Maternidade, também envolvida no Rama em Flor.
O programa desta edição faz-se na mesma sob o signo da transdisciplinaridade, reunindo conversas, música, cinema e uma feira de fanzines. Mas está mais compacto e com uma orientação mais clara para os debates, marcados para dias 27, 28 e 29 no Museu do Aljube, que este ano se junta ao festival. Gentrificação, direito à habitação e processos de exclusão, com o colectivo Left Hand Rotation; A recolha de dados de origem étnico-racial nos censos, com os investigadores Cristina Roldão, Joacine Katar Moreira e Piménio Ferreira; Poesia, Literatura, Intenção e Intervenção Política, com Joana Lima, Carla Fernandes e Apolo de Carvalho (Colectivo Djidiu); e Identidade, Género e Violência, com Odete C. Ferreira, Dipsy e Bruno Cadinha, são algumas das conversas em agenda.
“Foi intencional dar destaque às conversas. É importante criar um espaço de festa que seja seguro e inclusivo, mas há uma data de coisas que não consegues resolver numa festa, têm de passar pelo debate”, observa Rodrigo Araújo. “É muito importante para nós envolver as comunidades ciganas e afrodescendentes e levar o festival a sítios mais institucionais como o Museu do Aljube, o que nos permite também chegar a outros públicos”, acrescenta Daniela Ribeiro, co-organizadora.
No departamento dos concertos, atenções redobradas para a estreia em Portugal, nas Damas, dia 29, de No Bra, projecto de música electrónica industrial de Susanne Oberbeck, colaboradora regular de gente como Wolfgang Tillmans e Mykki Blanco, e para a festa de encerramento do festival na Trienal de Arquitectura, dia 30: às Raincoats (que passam também por Braga e Coimbra) juntam-se nomes como Vaiapraia e as Rainhas do Baile, a DJ/ produtora Caroline Lethô, que marca também presença com o colectivo Intera, e a produtora Deena Abdelwahed, de volta ao Rama em Flor. No cinema, a Faculdade de Belas Artes acolhe, dia 28, o ciclo XenoEntities, que se debruça sobre o impacto da vigilância tecnológica em corpos queer e não-normativos. Todas as actividades do Rama em Flor são de entrada gratuita, à excepção da festa na Trienal (20 a 25 euros) e da sessão de filmes em Belas Artes (dois euros).