Hospital de Santa Maria está a adiar tratamentos de doentes com cancro

O director do serviço de Oncologia da unidade lisboeta diz que já há listas de espera para tratamentos de oncologia e menos tempo para cada doente.

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Para além da falta de recursos clínicos aponta a falta de espaço físico do serviço Enric Vives-Rubio

O director da Oncologia do Hospital de Santa Maria afirma que o serviço que dirige não tem capacidade para responder a todos os doentes que procuram o serviço. Em entrevista à TSF, Luís Costa, que também é presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro, diz que a hipótese dos utentes escolherem onde querem ser tratados fez disparar a procura pelo hospital lisboeta.

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O director da Oncologia do Hospital de Santa Maria afirma que o serviço que dirige não tem capacidade para responder a todos os doentes que procuram o serviço. Em entrevista à TSF, Luís Costa, que também é presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro, diz que a hipótese dos utentes escolherem onde querem ser tratados fez disparar a procura pelo hospital lisboeta.

"Imagine que todos pedem para ser tratados no mesmo sítio. Se os médicos estão atrapalhadíssimos com a quantidade de doentes, pensam menos tempo sobre os doentes que têm. E ao pensar menos tempo sobre os doentes que têm tomam piores decisões", sublinha. "Tem de haver muita organização e tempo para poder pensar sobre eles [os doentes]", acrescenta.

Para além da falta de recursos clínicos, Luís Costa, aponta a falta de espaço físico do serviço. Na última sexta-feira, por exemplo, já foi preciso adiar tratamentos por uma semana, mesmo tendo acabado o trabalho às 21h30. Um cenário preocupante, uma vez que "todos os tratamentos em cancro são urgentes", lembra Luís Costa.

“É preciso mais pessoas que façam outro tipo de funções para libertar médicos de funções que não são médicas”, aponta o director da Oncologia do Hospital de Santa Maria.

Luís Costa sublinha que importa “pensar e planear” e não apenas responder com medidas que parecem agradar às pessoas, nomeadamente a possibilidade de os utentes escolherem onde querem ser tratados, que resulta no excesso de doentes em determinados serviços. "Isto não é um problema só do [hospital] Santa Maria. Tem de haver um plano de recursos humanos", defende o médico.

O especialista pede ainda uma estrutura que coordene a investigação que se faz em Portugal.