Oposição à linha circular do metro ganha reforços de peso
Henrique Neto é um dos subscritores de uma petição que une especialistas em mobilidade e transportes pela existência de um debate "sério e transparente" sobre o futuro do metro.
São cinco os proponentes da petição lançada esta quarta-feira contra a criação de uma linha circular no metro de Lisboa e os cinco têm currículo de peso. Mário Lopes, engenheiro civil, Henrique Neto, empresário e ex-candidato presidencial, Fernando Nunes da Silva, Fernando Santos e Silva e Luís Cabral da Silva, especialistas em mobilidade e transportes, uniram-se para tentar travar a expansão do metro aprovada pelo Governo, que consideram “um erro a evitar”.
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São cinco os proponentes da petição lançada esta quarta-feira contra a criação de uma linha circular no metro de Lisboa e os cinco têm currículo de peso. Mário Lopes, engenheiro civil, Henrique Neto, empresário e ex-candidato presidencial, Fernando Nunes da Silva, Fernando Santos e Silva e Luís Cabral da Silva, especialistas em mobilidade e transportes, uniram-se para tentar travar a expansão do metro aprovada pelo Governo, que consideram “um erro a evitar”.
“É um mau investimento público, baseado em argumentos tecnicamente mal fundamentados”, resume Mário Lopes ao PÚBLICO. Entre eles, o de que a nova linha “é indispensável para melhorar a ligação entre a Linha de Cascais ao troço mais movimentado da rede do metro”, como defende a empresa e o executivo de António Costa.
“O Governo não estudou isto como deve ser”, acusa Mário Lopes, referindo-se ao facto de os estudos até agora referidos pela administração do metro apenas compararem a linha circular a uma eventual expansão da linha vermelha até Campolide. “Os estudos de tráfego não demonstram que a ligação Rato - Cais do Sodré é a melhor para ligar a Linha de Cascais ao eixo central, pois não se comparou com nenhuma alternativa que servisse o mesmo fim, por exemplo o prolongamento da Linha Amarela para a zona ocidental de Lisboa”.
“O plano de expansão do metro da década de 1970 previa a ligação do Marquês de Pombal a Alcântara”, lembra o professor do Técnico, que questiona porque é que não se estudou isso. “A petição não diz que a solução melhor é esta ou aquela”, explica. Visa apenas, acrescenta, “que isto se discuta com seriedade e transparência”, pois “a opinião pública tem de saber” em que se baseiam estas decisões.
Nem a administração do metro nem o Governo divulgaram as versões completas dos estudos que sustentam a criação da linha circular, apenas algumas partes. “Se você tem um estudo que mostra que você tem razão, porque é que não o mostra? Não tem pés nem cabeça escondê-lo”, argumenta Mário Lopes.
O primeiro subscritor considera que esta expansão “é má para a cidade” pois “o número de pessoas que vai ser prejudicado é maior do que o número de pessoas que vai ser beneficiado”. A linha amarela, que actualmente vai de Odivelas ao Rato, vai passar a ir de Odivelas a Telheiras. Os passageiros provenientes de Odivelas, Lumiar e Sr. Roubado passam a ter de trocar de linha no Campo Grande para chegarem ao Saldanha, a Picoas e ao Marquês de Pombal. Em 2017, segundo dados fornecidos ao PÚBLICO pelo metro, a estação de Odivelas foi a terceira mais movimentada da linha amarela, ultrapassando mesmo o Marquês de Pombal.
“O Governo, quando diz que vai tirar 8 milhões de carros de Lisboa, não diz quantos vai pôr. O número de carros que tiram é menor do que os que vão deixar entrar. Vão piorar muito o acesso a todas as pessoas que entram a norte”, alerta Mário Lopes.
A linha circular, anunciada pelo Governo e pela câmara de Lisboa há um ano, foi contestada quase desde o início. Tanto os vários partidos políticos (à excepção do PS) como diversos especialistas e trabalhadores da empresa se têm manifestado repetidamente contra a opção.