Queda do desemprego continua e beneficia segmentos mais frágeis

Taxa de desemprego regista oitava queda trimestral consecutiva de 8,1% para 7,9%

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Rita Franca

A tendência de redução do desemprego que se regista em Portugal desde 2013 prolongou-se, no arranque deste ano, por mais um trimestre, sendo agora entre os mais velhos, menos qualificados e desempregados há mais tempo que se registam os maiores contributos para a redução deste indicador.

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A tendência de redução do desemprego que se regista em Portugal desde 2013 prolongou-se, no arranque deste ano, por mais um trimestre, sendo agora entre os mais velhos, menos qualificados e desempregados há mais tempo que se registam os maiores contributos para a redução deste indicador.

Os dados do inquérito do emprego publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam uma descida do desemprego de 8,1% no quarto trimestre do ano passado para 7,9% no primeiro trimestre deste ano, naquela que é a oitava descida consecutiva deste indicador, fazendo-o recuar para o valor mais baixo da última década.

Se, neste trimestre, tal como no anterior, o número de empregos criados foi muito reduzido (normalmente o primeiro e o quarto trimestres de cada ano são aqueles em que menos empregos se criam), a verdade é que o número de pessoas desempregadas voltou a diminuir. Entre o final de 2017 e o primeiro trimestre deste ano, passou a haver menos 11,9 mil desempregados (uma redução de 2,8%). E, na comparação com o período homólogo, a diminuição foi de 113,8 mil pessoas (menos 21,7%).

Em todos os segmentos da população se verifica esta redução do desemprego, especialmente quando se analisa aquilo que aconteceu ao longo dos últimos 12 meses. No entanto, os dados do INE mostram que, ao contrário do que aconteceu no início do percurso descendente do desemprego, nota-se agora que, entre as pessoas com um perfil mais frágil no mercado de trabalho, se regista uma descida mais acentuada do desemprego.

Da redução global de quase 114 mil desempregados observada nos últimos doze meses, 78 mil concluíram os seus estudos apenas até ao ensino básico, 50 mil tinham 45 anos ou mais e 88 mil estavam desempregados há mais de um ano.

Entre os diversos níveis etários, de escolaridade e de tempo de desemprego, estes três segmentos foram, de longe, os que mais contribuíram para a descida da taxa de desemprego neste período. Em cada um deles, a descida foi mais acentuada do que a média: 28,3% no ensino básico, 25,1% nas pessoas com 45 anos ou mais e 28,5% para os que estavam há mais de um ano no desemprego.

Quando o desemprego ainda estava perto dos máximos atingidos durante a crise (17,5% no primeiro trimestre de 2013) e começou a descer, estes foram precisamente os segmentos da população que começaram por registar maior dificuldade em recuperar o seu emprego. Agora, com a taxa de desemprego a regressar a níveis mais próximos dos mínimos do passado, há sinais de que os segmentos mais frágeis estão finalmente a ter também a sua oportunidade.

Nas suas análises trimestrais, o INE passou no ano passado a publicar um indicador complementar para analisar o mercado de trabalho que agrega a população desempregada; o subemprego dos trabalhadores a tempo parcial; os inactivos à procura de emprego que não estão disponíveis; e os inactivos disponíveis, mas que não procuram emprego. A chamada taxa de subutilização do trabalho era de 15,2% no primeiro trimestre, inferior aos 15,5% do trimestre passado e aos 18,2% de 2017.

Emprego cresce 149 mil num ano e estagna no trimestre

Tal como já tinha acontecido no último trimestre do ano passado, a criação de novos empregos nos primeiros meses de 2018 foi quase nula. De um trimestre para o outro, mais 1800 pessoas entraram para a categoria da população empregada, o que corresponde a um crescimento trimestral de apenas 0,04%.

Se olharmos para a evolução face ao ano passado, o emprego continua a aumentar de forma expressiva. A população empregada teve um aumento homólogo de 148,6 mil pessoas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 3,2%. O INE atribui esta situação ao acréscimo do emprego nas mulheres (80,4 mil); pessoas dos 45 aos 64 anos (117,2 mil); com qualquer nível de escolaridade, principalmente aquelas que completaram ensino secundário ou pós-secundário (85,5 mil); empregadas no sector dos serviços (106,2 mil); trabalhadores por conta de outrem (158,4 mil), nomeadamente com contrato de trabalho sem termo (105,4 mil) e a tempo completo (182,3 mil).

O emprego começou a recuperar no quarto trimestre de 2013 e essa evolução acentuou-se no início de 2017. Contudo, a população empregada, que agora totaliza 4,806 milhões de pessoas, ainda não voltou aos níveis anteriores à crise, quando ultrapassava os cinco milhões.

O Governo espera chegar ao final de 2018 com uma taxa de desemprego de 7,6%. O Banco de Portugal está mais optimista e aponta para 7,3% nas suas previsões mais recentes.