Facebook proíbe campanhas estrangeiras sobre referendo do aborto irlandês
O sistema publicitário do Facebook tornou-se popular entre políticos, porque permite chegar a grupos de eleitores específicos.
O Facebook não vai permitir que pessoas fora da Irlanda criem campanhas relacionadas com o referendo do país sobre a legalização do aborto, marcado para o dia 25 de Maio. Em causa está a abolição de uma emenda constitucional que torna a interrupção voluntária da gravidez ilegal.
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O Facebook não vai permitir que pessoas fora da Irlanda criem campanhas relacionadas com o referendo do país sobre a legalização do aborto, marcado para o dia 25 de Maio. Em causa está a abolição de uma emenda constitucional que torna a interrupção voluntária da gravidez ilegal.
“Faz parte dos nossos esforços para proteger a integridade das eleições e dos referendos de influência indevida”, escreve a equipa do Facebook, num comunicado publicado esta terça-feira. “Acreditamos que o espírito desta abordagem é consistente com a lei eleitoral irlandesa, que proíbe campanhas de aceitar donativos do estrangeiro.”
Ao longo do último ano, a rede social tem sido alvo de fortes críticas por ignorar o seu papel na interferência em votações em todo o mundo. Em 2017, o Facebook admitiu que encontrou milhares de anúncios facciosos com origem na Rússia a circular na rede social desde Junho de 2015, altura em que Donald Trump anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA. Concentravam-se em “amplificar mensagens políticas e sociais fracturantes”. Já este ano o escândalo com a consultora britânica Cambridge Analytica mostrou que dados de milhares de utilizadores foram indevidamente recolhidos e utilizados para criar campanhas de manipulação política nos EUA, Reino Unido e Nigéria.
As restrições agora impostas à campanha irlandesa sobre o direito ao aborto devem expandir-se a outros assuntos de natureza política. “A nossa táctica é criar ferramentas que aumentam a transparência em torno de campanhas políticas para que as pessoas saibam quem é que está a pagar os anúncios,” lê-se no comunicado do Facebook.
Além de proibir campanhas oriundas do estrangeiro, a empresa quer introduzir um motor de busca para se conhecer o âmbito demográfico dos grupos que uma campanha, seja publicitária ou política, quer atingir. O sistema publicitário do Facebook tornou-se popular entre grupos políticos, porque permite chegar a grupos de eleitores específicos (por exemplo, é possível seleccionar os interesses, idade, línguas e localização dos alvos).
A equipa da rede social diz ainda que está a trabalhar de perto com as campanhas de ambos os lados do referendo irlandês e vai usar sistemas de “inteligência artificial” para identificar anúncios que têm de ser retirados do Facebook o mais rapidamente possível.