A moda e a inspiração católica, no Met Gala
Como sempre, a primeira segunda-feira de Maio é reservada à gala de inauguração de uma nova exposição do Costume Institute, do Met, um evento que reúne dezenas de celebridades.
- Veja as imagens da gala de 2019: Met Gala: das quatro camadas de Gaga ao candeeiro de Katy Perry
O tema foi “Corpos celestiais: a moda e a imaginação católica” e o Met em Nova Iorque vestiu-se de gala para uma noite em que a inspiração das celebridades recaiu sobre a Igreja Católica. A anfitriã foi Anna Wintour, a editora-chefe da Vogue norte-americana e a inauguração da nova exposição do Costume Institute ficou a cargo de Rihanna, ao lado de Amal Clooney e de Donatella Versace.
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O tema foi “Corpos celestiais: a moda e a imaginação católica” e o Met em Nova Iorque vestiu-se de gala para uma noite em que a inspiração das celebridades recaiu sobre a Igreja Católica. A anfitriã foi Anna Wintour, a editora-chefe da Vogue norte-americana e a inauguração da nova exposição do Costume Institute ficou a cargo de Rihanna, ao lado de Amal Clooney e de Donatella Versace.
A par com temas de anos passados, como “China: Through the Looking Glass”, o deste ano prometia ser um dos mais polémicos. A ideia para a exposição era inicialmente focar a ligação entre a moda e cinco religiões – islão, budismo, hinduísmo, judaísmo e catolicismo –, mas o curador Andrew Bolton decidiu focar-se apenas nesta última. Bolton aponta que, com base na sua investigação, cerca de 80% dos artefactos modernos da moda ocidental foram inspirados pelo catolicismo e que muitos dos grandes designers de França, Itália e Reino Unido nasceram e cresceram sob a influência da Igreja Católica, escreve o Observer. Além disso, conta ainda o curador, tinha receio que as restantes quatro religiões fossem mal interpretadas, “que parecessem símbolos.”
Recorde-se que para esta exposição, o Vaticano emprestou meia centena de peças. No entanto, talvez não tenha ficado muito agradado com algumas das escolhas das celebridades, como a da própria Rihanna, vestida pela casa Margiela, que se inspirou na figura do Papa. As cruzes, as mitras, as estolas e até os esplendores (usados por Maria e pelos santos nas representações artísticas) serviram de inspiração a muitos outros.
O tema foi, de facto, levado à letra por vários convidados: Katy Perry, por exemplo, optou por umas enormes asas de anjo, com um curto vestido dourado Versace; Sarah Jessica Parker levou um opulento vestido dourado Dolce & Gabbana e, na cabeça, uma enorme peça de altar com um presépio incorporado; Cardi B fez-se acompanhar pelo designer da Moschino, Jeremy Scott, que criou um vestido com uma sobre-saia e uma coroa, ambos ornamentados com pedras – e umas calças e casaco para si próprio, a condizer; Jared Leto levou um fato azul, uma estola e uma coroa dourada e Lana del Rey escolheu um vestido branco com bordados dourados, uma peça escultural com espadas a perfurar um coração e ainda uma coroa com asas, na cabeça.
Também impactante, mas tão literal, Frances McDormand vestiu uma capa azul Valentino e completou-a com uma peça escultural na cabeça. Gigi Hadid levou um vestido brilhante da Versace, com um padrão estilizado de uma asa e Ariana Grande um vestido criado por Vera Wang com um estampado de o Juízo Final, o fresco de Miguel Ângelo que adorna a Capela Sistina.
Houve ainda quem deixasse de lado os símbolos e se focasse antes noutro grande tema religioso, o das cruzadas. Zendaya fez-se à imagem de Joana d'Arc, com uma criação Versace em tons metálicos, com detalhes inspirados numa armadura e uma longa causa; Janelle Monae usou uma malha por baixo do chapéu; Shailene Woodley podia até ter vindo directa do set de um filme, com um vestido curto em forma de armadura; e Michelle Williams optou por um vestido em tons metálicos, simples e elegante.
Mas houve também quem aproveitasse a festa para tecer as suas críticas ao Vaticano. Lena Waithe aproveitou a ocasião para chamar a atenção para a comunidade LGBTQ+, por vezes ignorada pela Igreja Católica, com uma capa com as cores do arco-íris; enquanto Amal Clooney – que, recorde-se, é uma advogada de direitos humanos – optou por usar calças com um bustier e uma cauda, uma escolha que, segundo o criador Richard Quinn, citado pela Marie Claire, é “a sua forma de retratar o empoderamento feminino e a religião moderna, fazendo referência à opressão que as mulheres sentiam”.
Madonna voltou aos tempos de Like A Prayer e actuou de surpresa durante o evento. A rainha da pop chegou à passerelle com um vestido preto Jean Paul Gaultier e uma coroa de cruzes. Mais tarde, começou a actuação nas escadas do Met, tapada com um manto, ao som da sua música de 1989, misturada com cantos gregorianos e terminando com uma versão de Hallelujah.